O New York Times retratou-se neste sábado por uma reportagem publicada no sábado atrasado na qual apresentou Ali Shalai Qaissi com o prisioneiro encapuzado fotografado encima de um caixote, com fios ligados aos dedos das duas mãos, em 2003, que se tornou o símbolo da tortura perpetrada por soldados americanos em no presídio de Abu Ghraib. Em extenso artigo de primeira página, o jornal informou que Ali Halai Qaissi, de 43 anos, um ex-membro do Partido Baathista de Saddam Hussein que esteve preso em Abu Ghraib entre outubro de 2003 e março de 2004, reconheceu não ser o prisioneiro da icônica imagem. Numa "Nota do Editor", o Times explicou que embora outras publicações, como as revistas Vanity Fair e Der Spiegel e o programa "Now" da rede PBS tenham apresentado anteriormente a versão original de Qaissi, o jornal "não pesquisou adequadamente a insistência de Qaissi de que ele era o homem na fotografia". O Times reconheceu também que "deveria ter sido mais persistente na busca de comentários pelos militares", depois que o Pentágono declinou negar ou confimar se Qaissi era o prisioneiro encapuzado. O jornal admitiu ainda que "exagerou a convicção com que representantes do Human Rights Watch e da Anistia Internacional expressaram sua visão sobre Qaissi era o homem na fotografia. Embora eles tenham dito que (Qaissi) poderia ser aquele homem , não disseram que acreditavam que ele era". O Times publicou ontem uma fotografia feita em Abu Ghraib que mostra Qaissi com um capuz negro sobre a cabeça e o nome "The Claw" ("O Garra") escrito no bolso da camisa - referência ao apelido que ganhou de seus captores americanos em Abu Ghraib por causa da deformidade em sua mão esquerda causada por um acidente quando era jovem. O ex-prisioneiro, que é parte de um processo contra os EUA aberto por uma organização de direitos humanos no Iraque, para a qual hoje trabalha, alega que passou pelos mesmos mau tratos do homem encapuzado em Abu Ghraib. A matéria do Times mostra que o jornal poderia ter evitado o erro se tivesse confiado em seus próprios arquivos. Em reportagem publicada no dia 22 de maio de 2004, o jornal citou o testemunho de um outro detendo, Abdou Hussain Saad Faleh, apelidado pelos americanos de Gilligan, que descreveu em detalhes a cena da tortura registrada na fotografia. A matéria continha uma confirmação dada pelo soldado Sabrina Harman, uma das torturadoras já condenadas pelo abuso, sobre o depoimento de Faleh, e indicava que ele não foi um caso isolado. Segundo o Pentágono, Faleh foi solto em janeiro de 2004. As pessoas que moram no bairro de Bagdá que ele deu como endereço disseram ao Times que nunca ouviram falar de seu nome.