PUBLICIDADE

Atos contra reformas na Nicarágua deixam 31 mortos

Estudantes e oposição dizem que reforma da previdência, que foi revogada, já não é o problema, mas sim a corrupção e a repressão

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

MANÁGUA - A polícia nicaraguense voltou a entrar em confronto nesta segunda-feira com estudantes que protestam pelo sexto dia em Manágua contra a reforma da previdência, apesar de o presidente Daniel Ortega ter anunciado na véspera a revogação da medida. 

Na noite de domingo, policiais invadiram a Universidade Politécnica da Nicarágua (Upoli) e mataram quatro estudantes – o número de mortos na onda de protestos subiu para 31.

Protesto contra o governo Ortega em Manágua Foto: EFE/Jorge Torres

PUBLICIDADE

Estudantes e representantes da oposição disseram que a questão da previdência já não é mais o tema dos protestos.

"É a liberdade de expressão, a corrupção, e muitos outros problemas", disse a presidente da Frente Ampla pela Democracia, Violeta Granera.

"Basta já! Estão atacando a Upoli. Há vários feridos e falam em mortos. Neste ambiente não pode haver diálogo. Que a repressão cesse já!", escreveu no Twitter o bispo Silvio Báez, uma das personalidades mais respeitadas da Nicarágua.

Os estudantes universitários foram os principais protagonistas dos maiores protestos contra Ortega nos 11 anos de governo, em meio a denúncias de autoritarismo por parte da oposição.

No discurso no qual anunciou a revogação da reforma da previdência - com a qual pretendia aumentar as contribuições dos trabalhadores para o sistema previdenciário e reduzir as pensões -,Ortega avisou que atuaria com a "firmeza correspondente" para evitar que "o caos, o crime e o saque se imponham". O presidente disse que tinha a lei e o apoio da maioria do país ao seu lado.

Publicidade

Enquanto Ortega acusa "pequenos grupos da oposição" de serem responsáveis pela desordem, incluindo o ataque que matou um jornalista, estudantes e manifestantes acusam a polícia da Nicarágua de reprimir as manifestações com violência.

O presidente do Conselho Superior das Empresas Privadas (Cosep), José Adán Aguerri, desabafou nas redes sociais contra a pressão e a morte de manifestantes nos protestos contra o governo.

A maioria das pessoas trabalhou normalmente nesta segunda-feira, apesar de que tiveram de passar por pontos de bloqueio erguidos por manifestantes. As aulas foram suspensas pelo governo por causa da crise. EFE

O governo argumentou que as mudanças previdenciárias são necessárias para reforçar as finanças da nação, e Ortega disse que haverá conversas para elaborar um novo plano para fortalecer o sistema de segurança social.

PUBLICIDADE

Mas o governo foi abalado pelos protestos e as mortes. Lojas de Manágua foram saqueadas durante o final de semana, segundo testemunhas.

Na noite de sábado, a mídia local noticiou que um repórter foi morto a tiros durante uma transmissão ao vivo de Bluefields, cidade do litoral caribenho atingida por tumultos. Imagens explícitas do incidente logo se espalharam pela mídia local e pelas redes sociais.

A repressão policial aos manifestantes e as restrições à imprensa vistas nos últimos dias incitaram ainda mais críticas a Ortega, que intensificou seu controle sobre as instituições desde que voltou ao poder pela segunda vez 11 anos atrás.

Publicidade

No domingo o Departamento de Estado dos EUA pediu um “diálogo de base abrangente” para encerrar a disputa e “restaurar o respeito” pelos direitos humanos, pedindo ao governo que deixe a mídia operar livremente. / EFE e REUTERS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.