
30 de julho de 2009 | 11h11
Houve tiroteios esporádicos na cidade de Maiduguri, onde policiais e soldados, sob a cobertura de helicópteros, iam de casa em casa na busca pelo pregador radical Mohammed Yusuf e de seguidores da sua seita Boko Haram, que defende a adoção da lei islâmica em toda a Nigéria.
A violência começou no domingo passado, com a prisão de seguidores da Boko Haram no Estado de Bauchi, sob suspeita de planejarem um ataque a uma delegacia.
Na noite de quarta-feira, membros da seita que fugiam da repressão queimaram uma delegacia em Maiduguri, e moradores disseram que ainda têm medo de sair de casa.
"A cidade está como um campo de batalhas", disse à Reuters o jornalista local Muhammed Yakubu. "Ainda ouvimos tiroteios na área da ferrovia, que é a base operacional da Boko Haram. A área está cercada por militares e policiais, e o bombardeio continua, embora o líder tenha conseguido escapar com alguns seguidores ontem."
Ali Modu Sheriff, governador do Estado de Borno, do qual Maiduguri é a capital, disse que os militantes foram desalojados e pediu à população que retome suas atividades. Pela rádio estatal, ele ameaçou processos judiciais contra quem abrigar os seguidores da seita.
Desde domingo, seguidores de Yusuf, armados com facões, facas, rifles caseiros e bombas incendiárias, atacaram igrejas, delegacias, prisões e prédios públicos em vários Estados do norte da Nigéria.
O presidente Umaru Yar'Adua disse que as agências de inteligência há anos monitoram o grupo, às vezes apontado como o "Taliban nigeriano". Yar'Adua disse ter dado ordens para que as forças de segurança "os contenham de uma vez por todas".
A polícia de Maiduguri diz que as forças de segurança mataram 90 membros da seita só na segunda-feira. Oito policiais, três agentes carcerários e dois soldados também teriam morrido.
No vizinho Estado de Yobe, as autoridades disseram ter recuperado os corpos de 33 militantes mortos em confrontos perto da localidade de Potiskum na quarta-feira. No domingo, mais de 50 pessoas haviam morrido nos confrontos iniciais em Bauchi.
A expressão "Boko Haram" significa "a educação ocidental é pecaminosa", no idioma hausá. Seus membros acreditam que suas esposas nunca devem ser vistas por outros homens, e que seus filhos só devem receber educação religiosa.
A polícia disse ter libertado na quarta-feira 95 mulheres e crianças mantidas em cativeiro pela seita.
As posições radicais do Boko Haram não têm respaldo junto à maior parte da população islâmica da Nigéria, que é o país mais populoso da África.
A violência no norte não tem nenhuma relação com os distúrbios na região petroleira do delta do Níger, no sul do país. O principal grupo rebelde do delta condenou os incidentes do norte.
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