No Brasil, paraguaios dizem que Chávez tentou incitar quartéis

Grupo afirma que líder venezuelano teria buscado convencer militares a impedir impeachment de Lugo

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Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

Em busca de apoio do Brasil para o governo de Federico Franco, uma comissão do Congresso e de empresários paraguaios acusou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de ter tentado levantar os militares do Paraguai contra os congressistas, para impedir o impeachment de Fernando Lugo, na semana passada. Os senadores Miguel Saguier (Partido Liberal Radical) e Miguel Carrizosa (Movimento Pátria Querida) e o deputado Davi Ocampo (União Nacional de Cidadãos Éticos) afirmaram que, na quinta-feira, o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, visitou os quartéis paraguaios e propôs aos militares que cercassem o Congresso para evitar o processo. "As Forças Armadas nos disseram que Maduro pregou a sublevação", disse Carrizosa. O impeachment foi votado na sexta-feira à tarde. "Ao contrário do que ocorreu no Brasil no impeachment de Fernando Collor (1992), no Paraguai o presidente não é afastado das funções quando a ação tem início. Lugo continuou chefe das Forças Armadas depois da autorização (da Câmara) para que o Senado o processasse. Ele poderia ter atropelado o Congresso para impedir a decisão dos senadores", continuou Carrizosa.Já Saguier, disse que o processo foi legal e sua rapidez ocorreu porque havia o risco de que Lugo ordenasse aos militares que impedissem a reunião do Senado. "Corríamos o risco de ter dois presidentes: Lugo e Chávez." Os três parlamentares paraguaios rejeitaram qualquer comparação do processo de afastamento de Lugo com o golpe que depôs Manuel Zelaya (em junho de 2009), em Honduras. "Lá, sequestraram o presidente, que estava de pijamas, e o mandaram para outro país. Quem assumiu o governo foi o presidente da Câmara. No Paraguai, o vice-presidente assumiu o governo depois da saída de Lugo. Ele também foi eleito. Se tem alguma semelhança, é com o processo brasileiro", disse o senador Carrizosa. Acompanhados de representantes da embaixada do Paraguai no Brasil, os congressistas paraguaios almoçaram com uma comissão da Frente Parlamentar da Agropecuária, que representa cerca de 230 parlamentares brasileiros. O presidente da comissão, Homero Pereira (PSD-MT), manifestou apoio aos colegas vizinhos e ao novo governo do Paraguai. "Estamos solidários ao novo governo paraguaio. Fomos informados de que todos os ritos foram seguidos e foram respeitadas todas as normas institucionais", afirmou. Os paraguaios disseram ainda que "95% da população" é a favor do impeachment de Lugo e lembraram que nas votações que depuseram o presidente, 76 dos 80 deputados e 39 dos 45 senadores apoiaram a sua saída. Eles afirmaram ainda que o Paraguai passa por um momento de tranquilidade, como se nada tivesse acontecido, e não há censura, estado de sítio ou presos políticos no país. Brasiguaios. O recém-empossado presidente paraguaio afirmou ontem que se encontrou com uma comissão de brasiguaios - brasileiros emigrados ao Paraguai que possuem terras no país vizinho, nas proximidades da fronteira com o Brasil.De acordo com Franco, os representantes do setor afirmaram que os brasiguaios expressaram seu apoio "por unanimidade" ao novo governo. / COM EFE

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