
21 de janeiro de 2021 | 20h07
WASHINGTON - O diretor do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, o epidemiologista que se tornou a imagem do combate ao coronavírus no país, foi alçado ao protagonismo no primeiro dia do governo Biden, e disse que é "libertador" poder seguir a ciência. Fauci, que é um dos maiores especialistas em epidemiologia do país, fez parte do time de combate à pandemia no governo Trump mas entrou em rota de colisão com o presidente com frequência.
O epidemiologista desmentiu informações sem embasamento científico ditas por Trump em entrevistas coletivas, como a defesa feita pelo presidente da cloroquina como tratamento para covid-19, e chegou a ser escanteado em muitos momentos. A imagem do especialista com rosto de desaprovação, atrás de Trump, durante coletivas de imprensa, viralizou nas redes sociais.
Nesta quinta-feira, Fauci representou o governo americano em reunião com a Organização Mundial da Saúde (OMS) -- foro que os EUA voltaram a frequentar com Joe Biden, depois de Trump anunciar a retirada do país da organização no ano passado. O epidemiologista também foi responsável por explicar à imprensa as medidas anunciadas por Biden em um briefing na Casa Branca no qual disse que era "libertador" poder "deixar a ciência falar".
"É muito claro que há coisas que foram ditas sobre hidroxicloroquina e outras sobre isso que foram desconfortáveis, porque não foram baseadas em fatos científicos. Eu não senti prazer em contradizer o presidente", disse Fauci. "A ideia de que posso vir aqui e falar sobre o que eu conheço, sobre as evidências e deixar a ciência falar é um sentimento libertador", afirmou ele, logo depois de dizer que o novo governo será completamente honesto sobre o trabalho de combate à pandemia.
"Se as coisas saírem errado, não iremos apontar o dedo, mas corrigi-las. Essa é uma conversa que tive literalmente há 15 minutos com o presidente e algo que ele já disse diversas vezes", disse Fauci.
Em seu primeiro dia de trabalho como presidente dos Estados Unidos, Biden centrou os esforços no combate ao coronavírus, com a assinatura de dez medidas relacionadas ao enfrentamento da crise, o que classificou como um "esforço de guerra de larga escala".
Com tom sóbrio, Biden afirmou que a "verdade brutal" é que os EUA levarão meses até vacinar a maioria dos cidadãos e que a homenagem às 400 mil vítimas da covid-19 feita por ele na posse presidencial infelizmente não será o último momento de luto no país. O tom vai na contramão da retórica adotada pelo ex-presidente Donald Trump, que costumava minimizar a gravidade do vírus em pronunciamentos ao dizer que a pandemia estava sob controle.
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