No Iraque, sunitas protestam contra enforcamento de Saddam

Antes da execução, a maior parte dos sunitas simpatizava com os militantes, mas evitava o conflito sectário. Com a atual manifestação, este quadro pode se reverter

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Por Agencia Estado
Atualização:

Multidões enfurecidas protestaram contra o enforcamento de Saddam Hussein no coração sunita no Iraque nesta segunda-feira, enquanto um grupo de pessoas em Samarra quebrava as fechaduras de uma mesquita xiita e entrava no santuário com um caixão falso e uma foto de Saddam. A manifestação na Cúpula Dourada, danificada em um atentado realizado por extremistas sunitas 10 meses atrás, sugere que muitos árabes sunitas devem agora apoiar ativamente o pequeno número de militantes da mesma seita em sua luta contra o governo dominado por xiitas. O atentado ao santuário, dia 22 de fevereiro, desencadeou o atual ciclo de retaliações entre sunitas e xiitas, na forma de explosões, seqüestros e assassinatos. O protesto desta segunda veio em um dia em que forças dos EUA mataram seus iraquianos durante uma incursão a escritórios de um importante partido político sunita, suspeito de dar auxilio à Al-Qaeda. O Exército americano garantiu que tropas terrestres agiram depois de receberem informações de inteligência dando conta que no local havia um esconderijo da Al-Qaeda no Iraque. Segundo um comunicado, foram apreendidos no prédio metralhadores de alto calibre e lança-granadas. Mas a polícia descreveu o incidente como um ataque aéreo americano contra a casa de al-Khafaji, que também atingiu os escritórios de Saleh al-Mutlaq, um político sunita da Frente do Diálogo Nacional. Até a execução de Saddam na madrugada de sábado, a maior parte dos sunitas simpatizava com os militantes, mas evitava tomar partido diretamente no conflito sectário - apesar de ataques da milícia xiita que mataram milhares de sunitas ou os fizeram sair de suas casas. Com a atual manifestação, este quadro pode se reverter em uma difusão da militância.

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