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No Parlamento, papa pede que italianos tenham mais filhos

Por Agencia Estado
Atualização:

O papa João Paulo II converteu-se hoje no primeiro pontífice a visitar o Parlamento italiano e, em seu discurso de 50 minutos, na presença das autoridades máximas do país, pediu à população que tenha mais filhos, um tema preocupante em um país marcado pelas mais baixas taxas de crescimento da Europa. Depois de considerar uma "grave ameaça" a crise de nascimentos que leva a um declínio demográfico e ao envelhecimento da população, o papa mostrou-se preocupado com os "problemas humanos, sociais e econômicos que esta crise trará à Itália nos próximos anos". Em sua mensagem, João Paulo II advertiu sobre os perigos de uma guerra "sem solução", o terrorismo internacional e a globalização. O papa pronunciou um discurso surpreendentemente longo perante deputados e senadores italianos, em que censurou as "horríveis desigualdades" encontradas no mundo e alertou contra "a lógica do confronto, que não conduz a solução nenhuma", em referência à ameaça do terrorismo internacional. Ele pediu também que se construa uma Europa cristã, apelando para que a União Européia inclua a religião Católica em sua futura Constituição. João Paulo II, de 82 anos, que sofre do mal de Parkinson, apareceu em boa forma, falou com voz clara e evitou movimentar-se na plataforma com rodas, utilizada durante as cerimônias religiosas, por causa de seus problemas físicos para caminhar. Recebido de forma triunfal, na presença do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi e do presidente da República, Carlo Azeglio Ciampi, o papa foi interrompido 21 vezes por aplausos. Três tipos de argumentos foram abordados durante sua intervenção: os de caráter nacional, europeu e mundial. O pontífice aproveitou a oportunidade para repudiar a responsabilidade das três religiões monoteístas (cristã, muçulmana e judaica), no desenvolvimento do terrorismo. João Paulo II afirmou que elas têm sido envolvidas "de maneira totalmente deformada". Ao referir-se ao atual conflito contra o Iraque, o papa advertiu aos países cuja a "matriz histórica tem sido a fé cristã" sobre os riscos de cair "prisioneiros da lógica das guerras que não têm solução". Ele convidou todas as nações a trabalhar para "encontrar caminhos de paz". Em sua exposição, o pontífice reiterou sua preocupação com as "espantosas desigualdades" que marcam o mundo e se uniu ao coro daqueles que criticam "a globalização selvagem, sem alma e sem justiça". Menos aplaudida foi a parte relativa à diminuição dos nascimentos e defesa da família, em particular dos direitos adquiridos por meio do casamento, e a oposição da união livre entre heterossexuais e homossexuais.

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