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Nobel da Paz defende ingresso do Brasil no Conselho da ONU

Joseph Rotblat acha necesário ampliar o número de países integrantes e avalia que devem ser incluídos temas como o combate à pobreza

Por Agencia Estado
Atualização:

Um eventual ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) teria um impacto positivo para todo o mundo em desenvolvimento. A avaliação é de Joseph Rotblat, prêmio Nobel da Paz de 1995 e um dos cientistas contratados pelo Projeto Manhattan para desenvolver a bomba nuclear nos Estados Unidos. De origem polonesa, Rotblat decidiu abandonar o projeto norte-americano antes mesmo do primeiro teste da bomba atômica e, desde então, vem defendendo o fim das armas nucleares e o fortalecimento do sistema multilateral. Para Rotblat, que conversou hoje com Agência Estado, para que o mundo seja mais seguro, um dos caminhos deverá ser a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, que hoje conta com apenas cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e China) com poder de vetar qualquer decisão. "O Conselho é um produto do período da Segunda Guerra Mundial e não representa a realidade atual. Por isso, não consegue responder aos desafios do presente. Cada região deveria ter pelo menos um representante no organismo e, para a América do Sul, o Brasil certamente deveria ser o candidato", afirmou o cientista, de 95 anos e que cita a eventual ampliação do Conselho da ONU como uma "revolução" na forma de fazer política internacional. Segundo Rotblat, que hoje é professor emérito da Universidade de Lodres, se países como o Brasil fossem escolhidos para fazer parte da nova composição do Conselho, os temas de segurança não seriam os únicos a dominar a agenda do organismo. "Temos que mudar o centro gravitacional dos debates e incluir assuntos como o combate à pobreza, que são os verdadeiros problemas para grande parte da população mundial. Todos esses temas teriam um maior impulso se o Conselho contasse com um país como o Brasil, que prioriza aspectos do desenvolvimento em sua política externa e que é um líder regional respeitado", afirma. Para o cientista, a reforma da ONU é um assunto urgente e que deve ser tratado como um prioridade para que a instituição não perca ainda mais sua relevância política. "Se a estrutura (da ONU) mudar, há grandes chances de que possamos ter mais paz no mundo", afirma Rotblat, que também defende o ingresso de países como a Índia no Conselho de Segurança.

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