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Nobel de Literatura da Bielo-Rússia pede ajuda de Putin para pressionar governo

Svetlana Alexiévich, autora de 'Vozes de Chernobyl, integra comissão de oposição para a transição de governo; protestos no país seguem há três semanas pedindo a renúncia de Alexander Lukashenko

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Por Redação
Atualização:

MINSK - A escritora e jornalista mais renomada da Bielo-Rússia, Svetlana Alexiévich, convocou a Rússia na quarta-feira, 26, para ajudar a persuadir o presidente Alexander Lukashenko a negociar com a população. Ela também questiona o processo criminal acusando o órgão de oposição de uma tentativa ilegal de tomar o poder.

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"Agora Lukashenko só fala com Putin. Precisamos que ele fale com as pessoas", defendeu a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015, autora de'Vozes de Chernobyl' e 'A Guerra Não Tem Rosto de Mulher'. "Talvez o mundo possa ajudar e então Lukashenko negocie com alguém. Precisamos de ajuda do mundo e talvez da Rússia".  

Svetlana afirmou que quanto mais unidos os bielo-russos estiverem, maior será a chance de fazer as autoridades dialogarem com a população, que protesta há três semanas para derrubar o governo da "última ditadura da Europa". Lukashenko está no poder há 26 anos. 

A escritora e jornalista Svetlana Alexiévich em Minsk Foto: EFE/EPA/TATYANA ZENKOVICH

A Bielo-Rússia tem os laços culturais, econômicos e políticos mais próximos com a Rússia do que qualquer antigo estado soviético. A Rússia sinalizou seu apoio a Lukashenko, incluindo o envio de jornalistas para a televisão estatal depois que os trabalhadores se demitiram em protesto contra o que eles descreveram como ordens para transmitir propaganda.

Ainda não se sabe por quanto tempo o Kremlin permanecerá com Lukashenko se sua autoridade continuar a declinar. Ele tem um relacionamento pessoal difícil há muito tempo com o presidente russo, Vladimir Putin.

Svetlana Alexievich é uma das dezenas de figuras públicas que formaram o conselho de coordenação da oposição na semana passada, com o objetivo declarado de negociar uma transição pacífica de poder após uma eleição considerada fraudada e não reconhecida pela União Europeia. Dois líderes do comitê foram presos nesta semana, assim como pelo menos 51 manifestantes. 

Ela se negou a responder as perguntas dos investigadores bielo-russos que a citaram na relação das ações judiciais contra o "comitê de coordenação" da oposição. "Usei o meu direito de não depor contra mim mesma", explicou Alexievich, de 72 anos, ao sair do local da investigação. "Não me sinto culpada de nada. O comitê de coordenação não tem outros objetivos a não ser consolidar (a organização da) sociedade".

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A polícia bielo-russa já prendeu ao menos 7 mil pessoas nos protestos que deixaram quatro mortos e mais de 200 feridos. Embora Lukashenko tenha chamado os manifestantes de "ratos" e dito que deu ordem para retirá-los das ruas, a polícia tem sido mais contida nos últimos dias, aparentemente temerosa de que uma repressão aumentaria a raiva pública.

Svetlana disse que os protestos estão pacíficos e pediu para não haver mais violência por parte das forças policiais. "Pelo amor de Deus, que não haja derramamento de sangue. O que vimos nos primeiros três dias, isso é do século passado."  / REUTERS e AFP 

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