
06 de janeiro de 2008 | 12h38
A vencedora do Nobel da Paz de 2004, a queniana Wangari Maathai, responsabilizou a oposição pela "violência brutal" vivida no Quênia após as polêmicas eleições presidenciais, mas acredita que a raiz do problema está na política de segregação étnica do governo do presidente Mwai Kibaki. Veja também: Entenda a crise no Quênia Em entrevista à edição da revista Der Spiegel que começará a circular na segunda-feira, 7, Maathai pede que a oposição tome posturas mais moderadas e apele a seus seguidores a fazerem o mesmo. Maathai teme que, se os opositores não se acalmarem, a violência ganhará uma dinâmica própria que será muito difícil de ser controlada. "(A oposição) tem que conseguir fazer com que seus seguidores acabem com os saques, assassinatos e destruições. Os líderes da oposição têm que falar em seu idioma com sua gente. Eles têm uma grande influência", diz a ecologista, ex-vice-ministra do Meio Ambiente do governo de Kibaki e que acaba de perder sua cadeira parlamentar. A ativista confessa que jamais imaginou que em seu país "prenderiam pessoas dentro de uma igreja e depois ateariam fogo nelas": "Essa violência é incrivelmente brutal, muito forte e muito espontânea". Apesar da surpresa que diz sentir pela magnitude da violência, Maathai garante que esse cenário era previsível, pois há muito tempo as pessoas tinham a sensação de não serem tratadas com justiça. "Neste país, a política, especialmente a do partido do governo, é notoriamente pautada por linhas étnicas. Os membros de outras etnias (que não a kikuyo) se sentem rejeitados e abandonados", diz a ganhadora do Nobel de 2004, para quem a crise atual se iniciou há cinco anos, quando Kibaki chegou ao poder. Maathai afirma que, quando era vice-ministra, já advertia o governo de que, se continuasse com essa política, o país se dividiria. Perguntada sobre o resultado das eleições, Maathai evita falar diretamente de fraude, mas diz achar "estranho" a oposição vencer tão claramente o pleito parlamentar e, Kibaki, a corrida presidencial.
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