Norte muçulmano quer volta do pacto de alternância de poder

PUBLICIDADE

Atualização:

CENÁRIO:

PUBLICIDADE

Lekan Otufodunrin / THE CHRISTIAN SCIENCE MONITOR

O general da reserva Muhammadu Buhari, que governou a Nigéria depois de liderar com sucesso um golpe militar em 1983, deixou o cargo há quase 30 anos. Aos 72 anos, candidatos à presidência nas eleições de hoje, ainda é lembrado pelo pragmatismo de seu regime. Muitos o definem como um homem duro e rigoroso. Os que ousavam violar as normas de seu governo - como a obrigatoriedade de filas ordenadas nas paradas dos ônibus ou a pontualidade no trabalho - eram punidos severamente.

Buhari já se candidatou à presidência em 2003, 2007 e 20011 e perdeu as três vezes. Agora, na sua quarta tentativa como principal candidato da oposição, é diferente. Ele tem a chance de ganhar a presidência e de resgatar um acordo de 1999, descumprido desde 2010, entre os líderes políticos nigerianos que prevê a alternância do poder entre o norte muçulmano e o sul cristão.

O presidente Umaru Yar'Adua, do norte, morreu durante o primeiro de dois mandatos consecutivos, em janeiro de 2010. O presidente atual, Goodluck Jonathan, do sul, era o seu vice-presidente e assumiu o poder sob ceticismo dos muçulmanos. No entanto, foi a candidatura dele à reeleição e sua vitória em 2011 - ainda durante um período prometido ao norte - que aumentou o descontentamento da elite regional. "O norte tem razões para se sentir traído", afirma Junaid Mohamed, um dos principais parlamentares da região. "Não podemos continuar como se não houvesse nada de errado no arranjo político do país."

"Com uma cultura política com base no modelo do "vencedor leva tudo", o acesso ao poder significa o acesso à riqueza na Nigéria", afirma John Campbell, ex-embaixador dos EUA no país. "Você faz todo o possível para garantir sua vitória, evidentemente, porque o acesso à riqueza só é possível pelo controle do Estado."

Muitos julgam ainda a experiência militar de Buhari necessária para impor disciplina ao Exército, desalentado e desprovido de recursos. E, como seu comboio foi atacado pelos rebeldes do Boko Haram, em julho, ele conheceu de perto a ameaça do grupo. "Tratando-se de um general reformado, esperamos que ele apresente uma solução duradoura que garanta a segurança para a vida das pessoas, para a propriedade e restaure o passado glorioso do norte como a região mais poderosa do país", diz Umar Hannafi, comissário do Estado de Kano. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Publicidade

É JORNALISTA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.