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Nos EUA, associações pedem para governo apoiar cooperação em agricultura

32 entidades representativas do agronegócio americano enviaram carta ao secretário de Estado afirmando que colaboração internacional no setor ajuda a garantir o comércio internacional de produtos agrícolas

Por Paulo Beraldo
Atualização:

Importantes associações e entidades do agronegócio dos Estados Unidos enviaram uma carta pedindo que o governo americano apoie a cooperação internacional na área de agricultura e pecuária, de modo a garantir a segurança alimentar na região das Américas e a elevação do comércio internacional de produtos agrícolas. 

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A carta assinada por 32 entidades destinada ao secretário de Estado, Mike Pompeo, afirma que apoiar organizações internacionais reforça o papel de liderança dos EUA. O documento vem no momento em que a administração de Donald Trump decidiu cortar o relacionamento com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem feito críticas sucessivas ao multilateralismo. 

No documento, as associações de produção e exportação de produtos como arroz, milho, soja, trigo, suínos, aves, ovos, leite e pecuária pedem que o Departamento de Estado libere os valores destinados ao financiamento Instituto Interamericano de Cooperação na Agricultura (IICA).  

Representantes do agronegócio nos EUA enviaram carta ao secretário de Estado Foto: EPITACIO PESSOA/AE

O grupo sustenta que o IICA, fundado em 1942 e com presença de 34 países, é uma organização que apoia a redução das barreiras comerciais "não-científicas" que prejudicam o interesse americano no exterior. "Suas atividades elevam a capacidade de participação internacional e criam um ambiente favorável para os líderes agrícolas colaborarem em práticas comuns", diz o texto. 

A carta pede ainda que os EUA continuem liderando esforços de cooperação na área de segurança alimentar em entidades como a Comissão Codex Alimentarius, a Organização Internacional da Saúde Animal (OIE) e Convenção Internacional para a Proteção das Plantas (IPPC). 

"O sucesso nessas organizações está ligado à liderança dos EUA, à construção de coalizões e participação robusta de países alinhados que demandam políticas públicas baseadas na ciência. O IICA tem um papel fundamental na garantia de que essas condições existam", afirma o texto. 

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Na avaliação do professor de relações internacionais da FAAP, Lucas Leite, o principal aspecto do IICA é a cooperação técnica - por isso, nações com um setor agropecuário evoluído na região acabam também se beneficiando com sua atuação ao oferecer tecnologias e serviços. 

"Essa pressão de grupos de interesse mostra que eles não têm nenhuma vontade de deixar de oferecer os seus serviços em consultoria, participação e atuação tanto no técnico quanto em termos de venda e de cooperação", explica Leite. Para ele, um enfraquecimento ou até mesmo a saída do IICA significariam uma diminuição em termos práticos da presença do agronegócio americano na região. 

"Os EUA sempre ganharam com esse aspecto multilateral, não só o país como também o setor privado. A gente percebe isso quando 32 entidades pressionam: é porque elas ganham muito mais do que sem o multilateralismo". 

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