Mais de 80.000 pessoas estão reunidas para o encontro anual contra o capitalismo e a globalização, o Fórum Social Mundial, que começa neste sábado, 20, em Nairóbi, numa tentativa de obter uma maior integração com ativistas de outras partes do mundo e protestar contra políticas internacionais que, segundo os participantes do Fórum, prejudicam os mais pobres. Segundo o website do evento, esta edição do Fórum será uma oportunidade de exibir a "África e sua história ininterrupta de luta contra a dominação estrangeira, o colonialismo e o neocolonialismo". As atividades tiveram início com centenas de manifestantes marchando da favela de Kibera até o centro de Nairóbi. Cerca de um terço da população da cidade, pelo menos 70.000 pessoas, vivem em meros 2,5 km2, com acesso parco a água corrente e outros serviços básicos. A favela existe em forte contraste com as muitas residências elegantes e hotéis de luxo de Nairóbi. O ex-presidente da Zâmbia, Kenneth Kaunda, animava a passeata. "Temos de lutar contra a pobreza juntos", gritava ele, para a multidão. Entre os participantes estava Philip Kimani, de 18 anos, um sem-teto. "Estava trabalhando lavando carros e me disseram para vir aqui hoje, para aprender alguma coisa", disse ele, vestindo uma camiseta do Fórum. Manifestantes carregavam cartazes, muitos com o retrato do presidente dos EUA, George W. Bush, e as palavras: "Terrorista Número Um do Mundo". Os moradores de Kibera são, na maioria, invasores, sem direito legal à terra que ocupam, a despeito do fato de muitas famílias viverem lá a gerações. O Fórum Social Mundial ocorreu pela primeira vez no Brasil, em 2001, e coincide, todo ano, com o Fórum Econômico Mundial de políticos e empresários, que se realiza em Davos, na Suíça.