Nova estratégia mudará pouco relação EUA-Paquistão, dizem especialistas

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Por Roberto Simon
Atualização:

Ainda que o presidente Barack Obama tenha reiterado a importância de uma política regional para conter o crescimento do Taleban, na qual o Paquistão é peça-chave, o plano anunciado ontem mantém a fórmula básica da atual relação Washington-Islamabad: americanos entram com auxílio econômico e militar; paquistaneses, com as tropas na região de fronteira e a promessa de agir com vigor. "Um pouco mais de dinheiro sob condições diferentes - isso não representa uma mudança real", disse ao Estado William Hartung, do centro New American Foundation. Atualmente, o senador democrata John Kerry, líder da Comissão de Assuntos Exteriores e braço direito de Obama no Legislativo, prepara um projeto de lei para quintuplicar o auxílio ao Paquistão. Ontem, o presidente garantiu que "não dará um cheque em branco" a Islamabad e cobrou "compromisso". Além das palavras, porém, o novo plano não contém nenhum mecanismo concreto para tentar barrar o forte apoio do Exército e do serviço secreto, o ISI, ao Taleban e à Al-Qaeda. Matthew Duss, do instituto Center for American Progress, próximo do Partido Democrata, acredita que os bombardeios americanos na região tribal do Paquistão e na Província do Baluquistão deverão aumentar. "Pagamos um preço alto com o descontentamento local por causa desses ataques, mas é preciso fazer isso para desmantelar as principais redes de terror", justifica. O envolvimento de potências regionais na solução do conflito afegão, sobretudo o da Índia e do Irã, é a maior novidade da revisão estratégica de Obama, afirma Duss. Aliada do governo afegão, Nova Délhi teria interesse em cooperar com o objetivo de reafirmar sua liderança regional no sul da Ásia. Nos acordos de Bonn, em 2001, o Irã provou ser capaz de contribuir para reforçar o Estado afegão, relembra Duss. Qual papel Teerã terá desta vez seria a principal questão na estratégia regional de Obama.

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