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Em novo ataque contra o EI-K, EUA dizem ter impedido outro atentado

Drone destrói carro-bomba que seria usado em novo ataque contra o Aeroporto de Cabul, segundo o governo americano; enquanto americanos preparam últimos voos para tirar civis e militares do país, potências europeias pedem zona de segurança na cidade

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Por Redação
Atualização:

CABUL - Poucas horas depois de o presidente americano Joe Biden alertar para o risco de novos atentados contra tropas americanas que se preparam para deixar o Afeganistão, o Pentágono lançou neste domingo, 29, um ataque com drone com o objetivo de impedir um carro-bomba de atingir o Aeroporto de Cabul, alvo de um ataque da filial afegã do Estado Islâmico na quinta-feira. 

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No mesmo comunicado em que falou de possíveis novos atentados, Biden também afirmou que os Estados Unidos fariam novas operações contra o Estado Islâmico-K, que reivindicou a ação que matou 170 civis afegãos e 13 militares americanos que defendiam o terminal.

Vídeos publicados em redes sociais mostraram uma coluna de fumaça em um bairro de Cabul no fim da manhã deste domingo, pouco antes de a embaixada americana no país ter alertado para uma ameaça nos arredores do aeroporto. 

Fumaça é vista em área residencial próxima ao aeroporto de Cabul neste domingo, 29. Foto: EFE/EPA/Stringer

Foi o segundo ataque com drone desde a sexta-feira, quando dois líderes do chamado EI-K foram mortos em Jalalabad, perto da fronteira com o Paquistão.

“O Exército american conduziu um ataque aéreo não tripulado contra um veículo em Cabul para eliminar uma ameaça iminente contra o aeroporto”, disse em comunicado o porta-voz do Comando Central Americano, capitão Bill Urban. 

Ainda segundo o militar americano, o alvo foi atingido com sucesso e uma análise posterior da missão indicou que havia grande volume de material explosivo no local. Não há indícios de vítimas entre civis. 

Retirada

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A dois dias do fim da missão americana no Afeganistão, a Casa Branca calcula que 300 civis americanos ainda permanecem no país. Segundo o assessor de Segurança Nacional Jake Sullivan, os militares que ainda estão no aeroporto têm condições de remover essas pessoas de Cabul nos últimos voos previstos para deixarem o terminal. 

Neste domingo, estudantes da Universidade Americana do Afeganistão e suas famílias conseguiram deixar o país, escoltados por soldados americanos. 

“Nos últimos dias temos retirado mais de 3300 pessoas por dia, então há uma oportunidade para essas pessoas chegarem ao aeroporto”, disse Sullivan. 

Ainda de acordo com o assessor, a embaixada americana em Cabul não deve funcionar depois do dia 30, mas se algum americano ficar para trás, contará com a ajuda consular americana para deixar o país com o auxílio de outros países. 

Apesar do avanço da retirada, a cúpula do governo Biden ainda considera as próximas 48 horas perigosas e novos ataques preventivos não estão descartados.

Vista dos danos causados em local próximo ao ataque com drone realizado pelos EUA, neste domingo, 29, ao aeroporto internacional Hamid Karzai, em Cabul. Foto: EFE/EPA/STRINGER

“Os próximos dias serão o período mais perigoso de uma missão já de extraordinário perigo”, disse o secretário de Estado Anthony Blinken.  ONU. No front diplomático, França, Reino Unido e Alemanha negociam por meio da ONU a criação de uma zona de segurança em Cabul para a passagem de pessoas que queiram deixar o Afeganistão. Ela abarcaria cidadãos estrangeiros ou afegãos com permissão para emigrar para outros países. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, começou negociações exploratórias com o Taleban sobre como isso ocorreria. Também está em discussão como restabelecer o funcionamento do Aeroporto de Cabul, já que o grupo não tem expertise na gestão do terminal. O governo do Catar participa das negociações. 

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“O que nós propusemos e planejamos levar ao Conselho de Segurança da ONU é um a solução que já foi usada em outras operações”, explicou Macron. “Criaríamos uma zona livre para permitir que as pessoas cheguem ao aeroporto.” Macron ainda afirmou que é cedo para considerar

que a proposta terá sucesso, mas é uma maneira de pressionar o Taleban, que, agora no comando de um país diferente do que governou há 20 anos, terá de fazer algumas concessões.

Questionado sobre o sucesso da medida no Conselho de Segurança, onde Rússia e China – aliados do novo regime – têm poder de veto, Macron se disse otimista. “Não vejo por que se opor a uma medida que garante a segurança de operações humanitárias”, disse o líder francês em visita a Mossul, no Iraque. 

O secretário-geral da ONU, o português Antonio Guterres, prepara uma reunião sobre a questão afegã com as principais potências mundiais. / NYT, AP e REUTERS

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