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Nova parcial dá vantagem a líder da oposição na Nigéria

Após violência no fim de semana e suspeitas de fraude, Buhari surge à frente do presidente Jonathan com metade dos votos apurados

Atualização:
Chefe da Comissão Eleitoral Independente da Nigéria, Attahiru Jega, recolhe resultados no Estado de Ondo Foto: AFP

 

(atualizada às 21h43) ABUJA - Os primeiros resultados das eleições presidenciais da Nigéria apontam nesta segunda-feira, 30, uma vantagem de 2,5 milhões de votos para o líder opositor Muhammadu Buhari sobre o presidente Goodluck Jonathan, que tenta a reeleição. Com cerca da metade dos votos apurados, cresce a possibilidade de vitória do ex-ditador, que apareceu na política nigeriana no início dos anos 80, comandando o país após um golpe militar. 

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Até o início da madrugada, com os votos computados de 30 dos 36 Estados nigerianos, Buhari tinha 12,9 milhões de votos. O presidente Jonathan tinha 10,2 milhões – no total, 56,7 milhões de nigerianos estão aptos a votar. Uma reviravolta, no entanto, era possível, porque a região do Delta do Níger, reduto de Jonathan e importante produtor de petróleo, ainda não havia enviado resultados parciais. 

Em meio à indefinição, uma certeza: Jonathan obteve grande vantagem em redutos cristãos do sul do país, enquanto Buhari tirou a diferença em Estados muçulmanos do norte da Nigéria, de acordo com a Comissão Eleitoral Independente da Nigéria (Inec, na sigla em inglês). No entanto, a alta votação do presidente em seus redutos eleitorais, perto de 95%, levantou suspeitas de fraude por parte de EUA e Grã-Bretanha.

Na Nigéria, o presidente precisa, além de ter a maioria dos votos, de pelo menos 25% da preferência em dois terços dos 36 Estados do país. “Até agora, não temos visto evidências de manipulação sistêmica do processo eleitoral. No entanto, há indicações de que a contagem dos votos pode estar sujeita a deliberada interferência política”, afirmaram, em nota, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler britânico, Phillip Hammond. “EUA e Grã-Bretanha ficariam muito preocupados com qualquer tentativa de enfraquecer a independência do Inec.”

Palco de violência pós-eleitoral na votação de 2011 – também disputada por Jonathan e Buhari, quando 800 pessoas foram mortas e 65 mil deixaram suas casas na região norte –, Kaduna estava tranquila ao longo do dia de ontem. Poucas pessoas saíram de suas casas esperando notícias sobre as parciais eleitorais. 

No sul do país, com a vantagem bem maior de Jonathan sobre Buhari, houve a imposição de toque de recolher no Estado de Rivers, principalmente na capital Port Harcourt, depois de manifestações violentas desde o primeiro dia da votação, no sábado. Até agora, 41 pessoas morreram. 

O partido de Buhari, o Congresso para Todos os Progressistas (APC), apresentou no domingo uma denúncia de fraude em Rivers. O Inec afirmou que investigará o caso. No domingo, centenas de simpatizantes da oposição protestavam do lado de fora do escritório do Inec na cidade de Port Harcourt, centro da indústria petrolífera, levando a polícia a disparar tiros de alerta. 

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Um grupo apedrejou um carro que supostamente trazia votos. “Não houve eleições em Rivers”, disse Achinike William-Wobodo, agente eleitoral da oposição, pedindo nova votação. Os protestos continuaram ontem e a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar uma manifestação realizada por cerca de cem mulheres do APC. 

O comparecimento às urnas no país parece ter sido alto. A tensão no Estado de Rivers levanta a possibilidade de um resultado nacional sob disputa e uma repetição da violência que ocorreu depois da eleição de 2011.

Risco. A oposição relatou violência em Rivers e culpou as “milícias armadas” apoiadas pelo Partido Democrático do Povo, do governo, que não respondeu. A agência Fitch revisou ontem as perspectivas de crédito para a Nigéria como negativas. / NYT, REUTERS, EFE e AFP

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