Um dia depois de o presidente George W. Bush ter obtido uma grande vitória nas eleições intermediárias, os EUA apresentaram hoje aos 15 membros do Conselho de Segurança (CS) da ONU o texto de uma nova resolução sobre o Iraque, e assinalaram que pretendem obter sua aprovação até depois de amanhã. O CS já começou a analisar o projeto, e prosseguirá amanhã com o debate. O texto oferece uma ?última oportunidade? a Bagdá. O governo americano modificou o esboço inicial, que dava claramente ao país o direito de agir militarmente contra o governo iraquiano se não cumprisse suas obrigações de desarmamento. Com isso, espera obter o apoio da França e da Rússia - dois membros do CS com poder de veto e forte objeção ao uso unilateral da força pelos EUA. No entanto, aparentemente o novo texto não agradou a russos e franceses. Segundo a porta-voz do governo da França, Catherine Colonna, o presidente Jacques Chirac concordou em conversa telefônica com o líder da Rússia, Vladimir Putin, que ainda é preciso "remover certas ambigüidades" sobre o uso automático da força contra o Iraque no projeto apresentado pelos EUA. O embaixador americano na ONU, John Negroponte, descreveu a nova resolução como o "melhor meio para alcançar o desarmamento do Iraque por meios pacíficos, obviamente desde que o Iraque cumpra suas obrigações". O texto adverte o Iraque de que o não cumprimento das disposições da resolução sobre a inspeção de suas instalações militares - onde se suspeita sejam fabricadas armas de destruição em massa - terá "graves conseqüências para o país". Para dissipar as preocupações da França e Rússia, a nova versão dá a Bagdá uma "última oportunidade" para acatar as inspeções da ONU, mantém a possibilidade de levantar as sanções contra Bagdá e agrega uma afirmação da soberania iraquiana. Mas deixa o governo americano livre para agir unilateralmente. O vice-chanceler russo, Yuri Fedorov, disse que seu país ainda se opõe a qualquer resolução que permita aos EUA atacarem o Iraque sem o respaldo da ONU. Analistas políticos em Washington consideram que a vitória republicana nas eleições legislativas fortalece a posição de Bush ante ao Iraque, seja nas negociações no CS, seja no lançamento de uma eventual operação militar contra esse país.