Novas denúncias de tortura por britânicos no Iraque

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Por Agencia Estado
Atualização:

include "$DOCUMENT_ROOT/internacional/guerra/ticker.inc"; ?> Enquanto o escândalo causado pela divulgação de torturas contra prisioneiros iraquianos ainda ameaça a permanência em seu cargo do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, jornais britânicos traziam neste sábado novas revelações sobre o envolvimento de soldados da Grã-Bretanha em episódios de tortura. O diário The Independent divulgou o relato de um prisioneiro iraquiano - Kifah Talah, um engenheiro, de 44 anos - que alega ter sido espancado pelos militares britânicos durante três dias. Segundo Talah, os soldados britânicos o encapuzaram e o espancaram no pescoço, no peito e nos genitais antes de o obrigarem a dançar diante deles. "Os soldados nos cercavam e competiam entre eles para ver quem conseguia nos machucar mais durante os interrogatórios", afirmou o engenheiro. "Eles pareciam gostar do que faziam, pois os golpes eram acompanhados de sonoras gargalhadas." Já o tablóide Daily Mirror publicou em sua capa a imagem de um soldado britânico fotografando um prisioneiro iraquiano com os dentes quebrados. De acordo com o jornal, um soldado do Regimento Real de Lancashire, que atua no sul do Iraque, admitiu ter participado dos maus tratos e cedeu as fotos para publicação. A fonte foi identificada apenas como "Soldado D". "Ali não há regras", disse ele. "Vi espancamentos a socos a pontapés praticamente todos os dias." Há dias, o Mirror havia publicado uma foto de um militar britânico urinando sobre um prisioneiro, mas a autenticidade da imagem foi posta em dúvida pelas autoridades. Treinamento em métodos de tortura Outro jornal britânico, The Guardian, assegura que soldados da Grã-Bretanha e das forças especiais dos Estados Unidos receberam, antes da guerra, treinamento em métodos de tortura sob o pretexto de se capacitarem a resistir, caso caíssem prisioneiros. Nos Estados Unidos, em seu programa semanal de rádio, o presidente dos EUA, George W. Bush, voltou a lamentar os abusos. "Esse tipo de prática não reflete nossos valores e as imagens são uma mancha na honra e na reputação de nosso país", disse Bush, assegurando que as ações devem ser creditadas "à maldade de uns poucos". Na véspera, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmara que os abusos se enquadram numa estratégia "sistemática" de interrogatório. No Iraque, o chefe da ocupação americana, Paul Bremer, em encontro com líderes políticos iraquianos, reconheceu que "alguma coisa deveria ter sido feita antes" para evitar os abusos. Mas ressaltou que os soldados dos EUA estão no Iraque para "ajudar o povo iraquiano". Enquanto isso, o general Geoffrey Muller, comandante das penitenciárias sob controle dos EUA no Iraque, dizia que o Exército americano continuará operando no presídio de Abu Ghraib apesar dos apelos de parlamentares em Washington para que suas instalações sejam fechadas depois do surgimento do escândalo de abusos contra os iraquianos.

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