ROMA - A série de novas restrições para conter o avanço do coronavírus anunciada na Itália nesta segunda-feira, 10, mirou os não vacinados. Ela passa a exigir prova de vacinação ou recuperação de uma infecção recente para permitir o acesso a transportes públicos, cafés, hotéis, academias e outras atividades cotidianas.
A nova exigência do 'super passe de saúde', que elimina a capacidade de mostrar apenas um teste negativo para ter acesso aos serviços, ocorre quando muitos italianos retornam ao trabalho e à escola após as férias de Natal e ano-novo. Atualmente, as infecções por covid-19 estão passando de 100 mil por dia na Itália.
O governo respondeu à onda de infecções alimentadas pela altamente contagiosa variante Ômicron aprovando novas restrições com o objetivo de encorajar os resistentes às vacinas a receberem as doses ou a serem cada vez mais excluídos de atividades recreativas e até mesmo essenciais, como pegar um ônibus ou metrô para o trabalho.
Os italianos em geral apoiaram as restrições, que nos últimos meses também incluíram a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes externos e um passe de saúde padrão para entrar no local de trabalho.
Muitos saudaram as novas restrições, cuja aplicação estava sendo monitorada nesta segunda-feira pela polícia nas estações de trem. Os agentes verificavam o status da vacina dos passageiros e se certificavam de que eles estavam usando as máscaras faciais Pff2, mais protetoras, que passaram a ser exigidas no transporte público a partir desta segunda-feira.
"Estou feliz que eles estão controlando em todos os lugares", disse Carola Pasqualotto, membro do centro esportivo Imperi, onde a recepção estava verificando o status de vacinação dos membros. "Sou a favor de vacinas obrigatórias para todos."
O primeiro-ministro Mario Draghi, no entanto, enfrentou críticas pela decisão de obrigar a vacinação para qualquer pessoa com 50 anos ou mais a partir do próximo mês. Os críticos dizem que a multa por descumprimento, que começa em € 100 (cerca de R$ 642), torna o mandato sem sentido.
A Itália, onde o surto de coronavírus eclodiu pela primeira vez na Europa em fevereiro de 2020, vacinou totalmente 86% da população com mais de 12 anos, e quase 75% daqueles que são elegíveis a receber uma dose de reforço.
Mas 2 milhões de pessoas de uma população de 60 milhões estão atualmente diagnosticados com o vírus, impactando os serviços essenciais.
Os distritos escolares reclamaram que não têm professores suficientes para reabrir, pois muitos testaram positivo ou estão em quarentena. Alguns serviços ferroviários foram interrompidos devido à escassez de mão-de-obra.
Enquanto isso, associações de médicos disseram que o aumento está afetando fortemente os hospitais da Itália. Cerca de 16 mil pacientes com covid-19 estão internados e 1,6 mil deles estão em tratamento na UTI, mas isso é bem menos do que as 4 mil pessoas em unidades de terapia intensiva durante o pico da primeira onda. As autoridades dizem que cerca de dois terços dos que estão hospitalizados não foram vacinados./AP