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Nove mitos sobre o Nobel da Paz

Por Agencia Estado
Atualização:

Um prêmio, que gera tanto interesse quanto o Nobel da Paz, é feito sob medida para ser rodeado por mistério, mito e falsas idéias. O prêmio de 2003, que será anunciado amanhã, em Oslo, capital da Noruega, já criou sua cota de especulação, wishful thinking e suposições desenfreadas. Geir Lundestad, secretário da secretíssima comissão que outorga os prêmios, levantou os principais equívocos a pedido da AP: Mito 1 ? A comissão de premiação anuncia uma pequena lista de possíveis candidatos. Errado. A comissão, dentro de uma rígida tradição de nada vazar, não lança nome de nenhum candidato e mantém registros fechados por 50 anos. Qualquer ?lista de candidatos? muito provavelmente origina-se de nomes que são conjeturados como possíveis ganhadores pela mídia ou dentro de seus grupos. Mito 2 ? Uma campanha maciça por um candidato em particular pode ?fazer a cabeça? da comissão. Errado. O efeito pode ser o contrário sobre uma comissão ferozmente independente, uma vez que ela poderia temer que sua decisão parecesse influenciada por pressões públicas. Mito 3 ? Candidatos podem ser indicados no último minuto. Errado. A data de indicação é oito meses antes do anúncio da premiação e é forçosamente carimbada com a data de 1º de fevereiro. Em 1978, a comissão, mesmo querendo, não pôde permitir que o então presidente Jimmy Carter participasse, apesar do acordo de Camp David entre Israel e Egito, porque não fora indicado a tempo. Carter acabou recebendo o prêmio, o ano passado, por seus muitos anos de esforços pela paz. Mito 4 ? Qualquer um pode indicar uma pessoa ou um grupo para o prêmio da paz. Errado. Os estatutos do Nobel determinam claramente quem pode fazer a indicação. Eles foram ligeiramente ampliados em 2003 e, agora, incluem: premiados anteriores; ex e atuais membros da comissão e seu staff; membros de legislativos e executivos nacionais; professores universitários de direito, teologia, ciências sociais, história e filosofia; líderes de institutos de negócios exteriores e pesquisas pela paz; membros de tribunais internacionais de justiça. Mito 5 ? O prêmio pode ser revogado se o laureado não viver de acordo com os padrões do prêmio da paz. Errado. Não há previsão, nos estatutos do Nobel, para revogação de prêmios. A comissão diz que o prêmio é conferido por esforços pela paz no momento do anúncio e nada tem a ver com atividades posteriores. Mito 6 ? O prêmio pode ser conferido postumamente. Não. O prêmio só foi conferido postumamente, em 1961, ao ex-secretário-geral da ONU, Dag Hammerskjold, depois que seu avião caiu na África. As regras foram modificadas em 1974 para proibir prêmios póstumos. Entretanto, se um ganhador do Nobel morrer entre a data do anúncio, 10 de novembro, e a da premiação, 10 de dezembro, mesmo assim manterá o prêmio. Mito 7 ? O prêmio é conferido para reconhecer esforços pela paz, pelos direitos humanos e pela democracia apenas se forem bem sucedidos. Nem sempre. Mais freqüentemente, o prêmio é conferido para encorajar aqueles que o recebem, às vezes em momentos críticos de um processo, a despeito de seu risco de falhar. Mito 8 ? O Prêmio Nobel da Paz é conferido pelo governo norueguês. Errado. Membros do governo e do parlamento norueguês são barrados na comissão de premiação. Nos termos do testamento de 1895 do criador do prêmio, o industrial sueco Alfred Nobel, os cinco membros da comissão de premiação são indicados pelo parlamento, mas são independentes e não respondem aos legisladores. Mito 9 ? O Nobel da Paz é conferido em Estocolmo, na Suécia. Não. Ele é conferido em Oslo, como estipulado no testamento de Nobel. Os outros cinco prêmios são conferidos em Estocolmo.

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