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Novo chefe da AIEA modera tom com Teerã

Para Amano, ?não há indícios? de que Irã busque armas nucleares

Por REUTERS
Atualização:

Eleito na quinta-feira, o futuro chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o japonês Yukiya Amano, afirmou ontem não ver "nenhum indício nos documentos da agência" de que o programa nuclear iraniano tenha fins militares. Amano deve assumir em novembro, quando o atual diretor-geral, o egípcio Mohamed ElBaradei, deixa o cargo, após 12 anos. No mês passado, ElBaradei havia declarado que seu "instinto" dizia que o Irã buscará capacidade de produzir armas nucleares como uma "política de segurança" contra agressões. Esperava-se que Amano adotasse um tom mais incisivo com o Irã, mas, segundo diplomatas, a declaração de ontem foi um sinal de que a nova gestão evitará polarizações em busca de uma abordagem técnica da questão nuclear. "Não serei um diretor-geral ?brando? nem ?duro?", garantiu Amano. "Serei independente de qualquer grupo e de qualquer região." A eleição de Amano representou uma derrota para o Itamaraty, que fez campanha aberta pelo rival do japonês, o sul-africano Abdul Samat Minty. O nome de Amano à chefia da AIEA foi impulsionado por países desenvolvidos, entre eles os EUA, e o diplomata acabou eleito com 23 dos 35 votos do conselho da agência. Os 146 países que integram o organismo confirmaram o novo diretor-geral em uma reunião a portas fechadas ontem, conforme exige o protocolo do organismo. A eleição para a AIEA deveria ter sido concluída em março, mas um impasse exigiu que as candidaturas fossem reapresentadas. Países em desenvolvimento temiam que um diretor alinhado aos EUA usasse o argumento da proliferação de armas de destruição em massa como desculpa para barrar o acesso e o compartilhamento da tecnologia nuclear. Ontem Amano disse que fará "tudo que for possível" para obter um acordo com Irã, Síria e Coreia do Norte, países acusados de ter programas nucleares clandestinos.

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