Novo iPhone 6 bloqueia espionagem dos EUA

Agências de segurança americanas temem que terroristas se aproveitem do sistema de criptografia do smartphone da Apple

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Por Redação
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 WASHINGTON - Os clientes da Apple estão preocupados sobre se o novo iPhone 6 vai caber no bolso de suas calças jeans. Mas a Agência de Segurança Nacional tem outra preocupação: o smartphone é o primeiro da geração pós-Edward Snowden (que revelou o sistema de espionagem dos EUA) que bloqueia suas habilidades de investigação. Os e-mails, fotos e contatos são criptografados com base em um complexo algoritmo matemático que usa um código criado unicamente para o usuário do celular - que a Apple assegura não possuir. 

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O resultado é que se a Apple for obrigada por um tribunal a entregar às agências de inteligência os conteúdos de um iPhone 6, ela dirá que o código para abrir os e-mails, contatos e fotos tem de ser obtido com o proprietário do celular.

De acordo com o guia técnico da Apple, romper o código pode levar “mais de cinco anos e meio tentando todas as combinações de seis caracteres alfanuméricos do código” (especialistas em segurança questionam esse dado, pois a Apple não imagina o quão rápido os computadores da NSA podem decodificar senhas). 

O diretor do FBI, James B. Comey, disse, em uma entrevista coletiva na quinta-feira sobre a luta contra o Estado Islâmico, que “é preocupante o fato de empresas fazerem propaganda de algo que permite às pessoas ficar longe do alcance da lei”.

Ele citou casos de sequestro nos quais explorar o conteúdo de um celular apreendido pode levar ao resgate da vítima. Comey previu que no futuro pais irão até ele “com lágrimas nos olhos e perguntarão: ‘O que você quer dizer com não pode decodificar o conteúdo de um telefone?’”

A Apple não quis comentar o caso. Mas funcionários das agências de inteligência disseram temer que o passo dado pela companhia levará à criação de outras tecnologias claramente destinadas a derrotar não apenas a NSA, mas também os tribunais que ordenam a entrega de informações às agências de segurança. Eles compararam a medida da Apple às dos bancos suíços, quando criaram contas secretas para permitir que as leis fossem burladas.

“Terroristas vão descobrir isso, assim como criminosos e ditadores paranoicos”, disse um funcionário de alto escalão do serviço de inteligência. “E vão guardar suas informações somente em seu iPhone6.” 

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Segundo os funcionários de inteligência, a medida levantou uma questão crítica: “Quem decide o tipo de informação ao qual o governo pode ter acesso?” Até agora, essas decisões eram amplamente uma questão para o Congresso, que aprovou uma lei em 1994 exigindo às companhias de telecomunicações que mantivessem em seus sistemas a possibilidade de realizar grampos. 

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