Análise: Novo líder sul-coreano é contra escudo antimísseis

Moon Jae-in prefere fazer o jogo da diplomacia com Kim Jong-un

PUBLICIDADE

Por
Atualização:

O coreano Moon Jae-in não gosta do escudo antimísseis que os Estados Unidos começaram a instalar na Coreia do Sul, em prevenção a um possível ataque da vizinha Coreia do Norte. O presidente eleito, de centro-esquerda, também simpatiza com a idéia de uma solução negociada para a crise regional.

E preferiria fazer o jogo da diplomacia com o líder radical Kim Jong-un antes de despejar fogo sobre Pyongyang. Pouco importa. A opinião que conta decisivamente nas questões da península e adjacências é a dos Estados Unidos; a do Pentágono, mais que a do Departamento de Estado. Não por acaso, o atual secretário de Defesa, general James Mattis, repete com a frequência a frase "pela segurança da nação, fazemos o que é necessário fazer", atribuída a John Foster Dulles, que ocupou o cargo há pouco mais de 60 anos e criou quase toda a máquina de inteligência americana. 

Foto de março mostrou o porta-aviões Carl Vinson navegando pelo Mar do Sul da China Foto: US Navy

PUBLICIDADE

O orçamento militar de Seul para 2017 bate nos US$ 35 bilhões. Cerca de 30% é a parcela destinada à modernização e à compra de equipamentos - americanos principalmente. A indústria local de material de defesa divide com o complexop fábril de Israel, em proporções semelhantes, as mais significativas parcerias internacionais de transferência de tecnologia militar feita pelos EUA.

O desgosto de Moon com o sistema THAAD, interceptador de mísseis em pleno voo e a longa distância, tem a ver com um viés lógico - o recurso é provocativo, causa reações na China, irritada com a intrusão da vigilância eletrônica do radar do conjunto sobre parte de seu território. Também deixa desconfortável o Japão, aliado dos EUA e, por extensão, alvo prioritário dos MRBM, as armas balísticas de médio alcance do arsenal do Norte.

O novo dirigente declarou em debate pela televisão, que a presença ao longo do litoral do Grupo de Ataque 1, liderado pelo porta-aviões nuclear CVN-70 Carl Vinson, "teria de ter sido mais bem discutido". A restrição velada terá sua chance de ser posta na mesa. Até o fim do mês a Marinha americana pretende juntar à flotilha do 'Vinson', os navios do CVN-76 'Ronald Reagan', atualmente em sua base japonesa de Yokosuka. No total, serão 180 aeronaves, quatro destróieres e dois cruzadores disparadores de mísseis de precisão da classe Tomahawk, apoiados por mais dois submarinos. É bom que a conversa seja rápida.