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Novo plano trabalhista dá mais de Jerusalém aos palestinos

Por Agencia Estado
Atualização:

O Partido Trabalhista de Israel adotou uma nova plataforma que oferece aos palestinos uma parcela maior de Jerusalém e a administração conjunta dos locais sagrados mais disputados - na mais explícita concessão já feito, antes de uma eleição geral, por um grande partido israelense. Políticos trabalhistas confirmaram o conteúdo da plataforma, que formaliza as promessas de campanha feitas pelo candidato Amram Mitzna para as eleições previstas para 28 de janeiro de 2003. Como primeiro-ministro, Mitzna promete retirar imediatamente os soldados israelenses estacionados na Faixa de Gaza, sem impor condições prévias, e retomar as negociações de paz com os palestinos, diz o programa de governo. Se não houver acordo após um ano, Israel se retiraria então de áreas consideráveis da Cisjordânia e definiria sua própria "fronteira de segurança". O ministro palestino Saeb Erekat qualificou o plano de governo do Partido Trabalhista como "um passo na direção certa". "Espero que eles avancem na história e comecem a dizer ao povo israelense que o caminho para a paz passa pelo fim da ocupação e a retirada dos soldados", comentou Erekat. O Partido Trabalhista continua atrás do conservador Likud, do primeiro-ministro Ariel Sharon, nas pesquisas sobre o pleito. No entanto, pesquisas divulgadas hoje mostram que o Likud perdeu um pouco de sua vantagem devido ao escândalo de suborno nas eleições internas do partido. Em duas pesquisas, o Likud perdeu 10% de sua vantagem em apenas uma semana. Esta foi a primeira vez que o Partido Trabalhista explicou em detalhes como pretende agir para acabar com o conflito entre israelenses e palestinos, especialmente na delicada questão de Jerusalém. Nas eleições de 1999, o ex-líder partidário Ehud Barak fez promessas vagas, enfatizando normalmente quais concessões não faria, com a intenção de captar os votos dos eleitores centristas. O programa de Mitzna diz claramante que, em um acordo de paz, os bairros árabes de Jerusalém ficarão sob controle dos palestinos, enquanto as áreas habitadas pelos judeus continuarão nas mãos de Israel. Os locais mais disputados, como a Esplanada das Mesquitas, teriam administração compartilhada ou seriam controlados de uma forma acatada pelas duas partes, comentou Maya Ben-Gal, uma porta-voz do partido, ao dizer que o documento é bastante extenso. Os trabalhistas também prometem redirecionar os US$ 3 bilhões atualmente utilizados para financiar assentamentos judaicos para ajudar as comunidades pobres de Israel. A plataforma trabalhista só não entra em detalhes sobre o escopo de sua proposta de retirada da Cisjordânia, se fracassarem as negociações de paz após um ano. O jornal Maariv, no entanto, informa que uma equipe de militares da reserva já preparou um mapa da Cisjordânia, apontando quais assentamentos devem ser desmantelados. Pelo plano, Israel ficaria com 35% da Cisjordânia, inclusive áreas onde vivem 160.000 colonos judeus, publicou o Maariv. Cerca de 35.000 colonos seriam removidos, enquanto 55.000 palestinos viveriam sob governo de Israel. O acordo de paz provisório, abandonado após o agravamento do conflito, destinava aos palestinos controle total ou parcial sobre apenas 42% da Cisjordânia. Atualmente, os soldados israelenses estão posicionados nas principais cidades cisjordanianas. Sharon rejeita concessões unilaterais de Israel e é contra o desmantelamento das colônias judaicas. Em governos anteriores, o próprio Sharon foi o responsável por criar e fomentar alguns dos assentamentos que Mitzna pretende desmantelar. A Comissão Eleitoral palestina, por sua vez, recomendou formalmente a Yasser Arafat que adie a votação nos territórios, previamente marcada para 20 de janeiro, até que o Exército israelense se retire das cidades palestinas da Cisjordânia. Arafat informou que seu gabinete tomará a decisão final no domingo. Em novos atos de violência ocorridos hoje, um rabino foi assassinado numa estrada de Gaza, quando deixava um assentamento judaico em um carro, acompanhado por sua mulher e os seis filhos do casal. O grupo Jihad Islâmica assumiu a autoria do atentado, num telefonema à sucursal local da Associated Press. Também em Gaza, tanques israelenses invadiram a cidade de Deir al-Balah e cercaram a casa de um suposto ativista das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa. Os soldados não conseguiram prender o suspeito. Tiroteios na cidade deixaram um palestino morto, denunciaram testemunhas. O Exército informou que seus soldados dispararam contra "diversos palestinos armados". Um porta-voz do Exército disse ainda que buscas feitas em casas da cidade permitiram a apreensão de diversos tipos de armas e explosivos. Na cidade litorânea de Netanya, em Israel, um pedestre alertou a polícia sobre uma caixa abandonada na calçada e embrulhada como se fosse um presente. O embrulho revelou-se uma bomba, que deveria ser ativada por controle remoto. A polícia detonou o artefato com a ajuda de um robô. Em Nablus, na Cisjordânia, o Exército revelou ter descoberto um grande laboratório de explosivos que ocupava três apartamentos. Os soldados apreenderam seis bombas de grande poder de destruição e diversos artefatos menores, caixas de produtos químicos e diferentes partes de cinturões explosivos. O material apreendido foi posteriormente destruído numa explosão controlada, informou a corporação.

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