PUBLICIDADE

Novo premier do Japão vem de família de políticos de destaque

Avô de Shinzo Abe também foi premier, de 1957 a 1960; seu pai foi ministro do Exterior em 1982, mas nunca conseguiu alcançar o sonhado cargo de primeiro-ministro

Por Agencia Estado
Atualização:

Shinzo Abe, escolhido nesta terça-feira pelo Parlamento para ser o próximo primeiro-ministro do Japão, é oriundo de uma família de destacados políticos - e isto revela suas ambições e políticas. Abe, de 52 anos, é filho do falecido Shintaro Abe, que chegou ao posto de ministro do Exterior em 1982, mas nunca conseguiu alcançar o sonhado cargo de primeiro-ministro. Uma medida da ambição de Shinzo Abe é a velocidade com que elevou-se ao mais alto cargo da política do Japão. Ele entrou no Parlamento apenas em 1993, e será agora o mais jovem primeiro-ministro do pós-guerra no Japão e o primeiro nascido depois da guerra. Abe, que conseguiu uma pasta no gabinete apenas no final do ano passado como secretário de governo, saiu de uma relativa obscuridade para tornar-se uma figura nacional em 2002, quando liderou esforços do Japão para conseguir a libertação de cidadãos japoneses seqüestrados pela Coréia do Norte. Em termos de política, Abe parece ter herdado muito de seu falecido avô, Nobusuke Kishi, que foi preso como criminoso de guerra depois da Segunda Guerra Mundial, mas foi reabilitado e tornou-se primeiro-ministro de 1957 a 1960. Kishi foi um forte defensor de estreitos de laços com Washington e liderou a aprovação da aliança de segurança entre Estados Unidos e Japão. As políticas de Abe refletem esse background. Ele não considera que o Japão tenha de se desculpar por seu comportamento na guerra, apóia visitas ao santuário de guerra de Yasukuni, pressiona por uma educação patriótica mais intensa nas escolas públicas e respalda livros escolares que críticos acusam de encobrir atrocidades cometidas pelas tropas japonesas na Segunda Guerra. Abe também tem prometido revisar a constituição pacifista japonesa, que proíbe que o Japão realize ações militares. A Carta de 1947, elaborada pelos EUA, nunca foi emendada, mas Abe e outros querem uma mudança para que o Japão possa participar de operações militares no exterior. Ao mesmo tempo, Abe tem declarado pleno apoio à aliança com os Estados Unidos, considerada por ele como o pilar das políticas de defesa e relações exteriores do Japão, e nutre laços próximos com poderosos conservadores de Washington. Abe formou-se em 1977 pela Universidade Seikei, de Tóquio, e estudou política na Universidade do Sul da Califórnia. Depois de trabalhar na siderúrgica Kobe Steel, Abe entrou na política como assessor do pai e concorreu ao Parlamento após da morte de seu progenitor. Em 2002, ele ganhou renome nacional ao pressionar a Coréia do Norte a permitir que cinco cidadãos japoneses seqüestrados retornassem ao Japão para uma breve visita. Uma vez no Japão, ele argumentou que eles não deveriam voltar à Coréia do Norte como prometido - e eles ficaram. Sua política econômica é menos clara. Apesar de apoiar as reformas de mercado do atual primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, ele tem sido pressionado pelo governista Partido Liberal Democrático a fazer algo para diminuir o crescente fosso entre ricos e pobres no Japão. Um grande desafio de Abe será reparar os laços com a Ásia. Em seus cinco anos no poder, Koizumi assumiu posições duras nas muitas disputas territoriais do Japão com seus vizinhos e alimentou críticas asiáticas com suas anuais visitas ao santuário Yasukuni, onde são venerados japoneses mortos em guerra, inclusive criminosos de guerra condenados e executados. Apesar de concordar com o santuário, assessores de Abe dizem que ele está trabalhando nos bastidores para arranjar um encontro com o presidente chinês, Hu Jintao, numa tentativa de aliviar a tensão entre os dois países.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.