Novos confrontos entre milícias tomam as ruas de Mogadíscio

Os enfrentamentos começaram depois que as milícias tomaram na quarta-feira à noite os bairros de Taleh e Tarbuunka

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os confrontos entre dois grupos de milicianos rivais que acontecem nesta quinta-feira em várias regiões de Mogadíscio, capital da Somália, já deixaram pelo menos 13 mortos e dezenas de feridos, segundo fontes médicas. Os enfrentamentos começaram depois que as milícias de uma aliança que tenta resistir ao crescente poder dos tribunais islâmicos tomaram quarta à noite os bairros de Taleh e Tarbuunka, no sul de Mogadíscio. A aliança foi criada em fevereiro e é formada por vários "senhores da guerra". Os opositores deste grupo afirmam que a aliança recebe apoio dos Estados Unidos, embora altos funcionários americanos neguem qualquer relação com o conflito na Somália. O grupo tinha ocupado regiões de Mogadíscio, onde ficam edifícios importantes da cidade, como o hotel Sahafi Internacional, a sede do Departamento de Investigações Criminais e o antigo aeroporto internacional de Mogadíscio, que está fora de operação. No entanto, estes lugares estratégicos foram recuperados nas últimas horas pelos milicianos dos tribunais islâmicos. O presidente da Corte islâmica de Furgan, Sheikh Abdulkader, afirmou que seus milicianos tinham encurralado o grupo rival. "Derrotamos a aliança maléfica e aprisionamos seus oficiais", disse Abdulkader aos jornalistas. No entanto, o porta-voz da aliança, Hussein Gutale, evitou dar detalhes sobre os confrontos de hoje. Fontes do hospital Madina, o único público e o mais importante de Mogadíscio, informaram que uma pessoa levada ao centro médico morreu devido ao impacto de granadas, e várias pessoas estão feridas. "Já temos 50 feridos, faltam remédios", acrescentou o diretor do hospital, Sheikhdon Salgai. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha fornece os medicamentos e paga o pessoal do hospital. Serviços públicos como energia elétrica, telefonia e transporte estão suspensos em grande parte da cidade, a mais atingida pelos conflitos que ocorrem na Somália desde 1991, quando o ditador Mohammed Siad Barre foi derrubado. O país é cenário de disputas entre os diferentes "senhores da guerra". O governo eleito em 2004 se instalou longe da capital, mas ainda assim não conseguiu impor sua autoridade. Em 14 de maio, foi anunciado um cessar-fogo entre as partes, depois de combates travados desde o início do mês. Mas, depois, surgiram dúvidas sobre os termos do acordo e as hostilidades continuam, em conflitos que deixaram cerca de 140 mortos. No início desta quinta-feira, surgiram rumores sobre a possível renúncia de alguns membros do governo interno que formam a aliança opositora das Cortes islâmicas, mas estas informações foram desmentidas oficialmente.

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