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Novos protestos deixam a Argentina em polvorosa

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de uma semana depois que uma série de protestos provocaram a renúncia do presidente argentino, manifestações contra as medidas do novo governo mancharam de sangue novamente diversos pontos da capital e do interior do país na madrugada deste sábado. A polícia, com gás lacrimogêneo e disparos de balas de borracha, reprimiu neste sábado milhares de manifestantes que estavam na Praça de Maio para, com um ?panelaço?, protestar contra o novo governo. Este foi o primeiro protesto contra o governo do presidente Adolfo Rodríguez Saá e o segundo ?panelaço? liderado pela classe média argentina em menos de 15 dias. Grupos de homens e mulheres protestaram em frente à Casa Rosada, sede do governo, e tentaram escapar da repressão policial. Doze policiais ficaram feridos, dos quais seis gravemente, e 33 pessoas foram presas, segundo informações da polícia. Na casa Rosada, alguns grupos que estavam entre os manifestantes resistiram à repressão e jogaram pedras contra a polícia. A violência que marcou a madrugada deste sábado parece dar continuidade aos protestos da semana passada, que deixaram 26 mortos e mais de 200 feridos. Durante várias horas, com um grande ?panelaço?, milhares de argentinos saíram às ruas da capital e de distintos pontos do país para protestar, pacificamente, contra a inclusão no novo governo de figuras ligadas à corrupção. Eles pediram ainda a eliminação das restrições bancárias, impostas pelo governo De la Rúa e ainda vigentes, que impede a população de retirar de suas contas mais de US$ 250 por semana. Na quarta-feira da semana passada, milhares de pessoas pediram com ?buzinaço? e ?panelaço? mudanças na política econômica neoliberal adotada pelo governo e exigiram a destituição das figuras políticas, provocando a imediata renúncia do então presidente Fernando de la Rúa e de seu gabinete de ministros. Com bandeiras e panelas nas mãos, a multidão saiu hoje às ruas para repetir os protestos agora contra o novo governo do presidente Adolfo Rodriguéz Saá, que assumiu no domingo passado. Ao som do ?panelaço?, de forma pacífica e organizada, as pessoas se reuniram na Praça de Maio, no Congresso, em esquinas estratégicas da capital e em diferentes pontos do interior do país. Pouco depois do início do protesto, o governo anunciou a saída do assessor presidencial Carlos Grosso, uma figura questionada e sobre a qual pesam suspeitas de corrupção. Grosso esteve dez anos afastado do poder e reapareceu com Saá, de quem é amigo pessoal. Sua indicação foi repudiada pela população, em virtude dos diversos processos judiciais envolvendo atos que corrupção que ele acumulou quando era prefeito de Buenos Aires, na época da presidência Menem. A Argentina atravessa uma de suas piores crises econômicas e sociais das últimas décadas. O desemprego no país atinge 18,3% e quase 15 milhões de argentinos, de um total de 36 milhões, estão na faixa de pobreza. Para piorar ainda mais a situação, a economia está estagnada em uma profunda recessão há quase 42 meses. Para conter uma fuga de depósitos superior a US$ 19 milhões, o governo De la Rúa limitou em US$ 250 os saques semanais, medida ainda vigente. Leia o especial

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