
19 de novembro de 2007 | 16h29
Ao todo, 106 jornalistas foram assassinados no mundo desde janeiro - 45 deles só no Iraque, que continua sendo o país com mais mortes violentas de profissionais de imprensa -, informou nesta segunda-feira, 19, a Associação Mundial de Jornais (WAN), com sede em Paris. O número de jornalistas assassinados este ano se aproxima dos 110 registrados em 2006, que foi um recorde. A WAN apresentou um relatório sobre os assassinatos de jornalistas no mundo entre junho e novembro. Nesse período, morreram no Iraque 16 profissionais, elevando o total para 150 desde a invasão do país, em 2003. A associação elogiou a criação, em setembro passado, do Grupo para a Segurança da Mídia Iraquianas (IMSG) "sobretudo porque foi fundada pelos próprios jornalistas", segundo o relatório. Na América Latina e Central, sete profissionais foram mortos, três deles na Colômbia. Os jornalistas latino-americanos continuam sendo vítimas de "assassinatos, ameaças e assédio" quando investigam temas como corrupção e tráfico de drogas, diz o relatório. O documento menciona o jornalista brasileiro Ajuricaba Monassa de Paula, assassinado por um vereador em Guapimirim, no Rio de Janeiro. Na Ásia - onde se encontram "alguns dos regimes mais repressivos do mundo" -, 12 jornalistas morreram entre junho e novembro (excluindo o Oriente Médio), metade deles no Paquistão. Já na região do Golfo Pérsico, a associação lamenta que a maioria dos países "apresente um balanço medíocre", já que "o controle governamental sobre a imprensa é extremamente rígido". A mídia nos territórios palestinos viu sua situação piorar com a tomada da Faixa de Gaza pelo Hamas, em junho. A imprensa palestina "está obrigada a ficar a favor do Fatah na Cisjordânia e do Hamas em Gaza para poder trabalhar com segurança, o que compromete sua objetividade", segundo o relatório. No Afeganistão, uma repórter foi assassinada. Segundo a WAN, todos os jornalistas que cobrem temas sensíveis neste país "correm o risco de serem assassinados a qualquer momento". Na Europa e Ásia Central, um jornalista morreu na Turquia e outro no Quirguistão desde junho. A "hostilidade" contra a imprensa independente e de oposição, assim como "as tentativas de reduzi-los ao silêncio" poderiam ressurgir em vários países dessas regiões, alerta a WAN. A associação critica além disso que mais de um ano depois do assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaia, "seus assassinos ainda não tenham sido identificados". Nos Estados Unidos, o chefe de redação do "Oakland Post" foi assassinado no dia 2 de agosto, e a autoria do crime foi confessada por um padeiro. Na África, dois repórteres foram mortos a vida na República Democrática do Congo (RDC) e outros quatro na Somália. Denúncias A WAN denunciou China, Paquistão, Geórgia, Azerbaijão, Mianmar e Somália por "graves violações" da liberdade de imprensa e deu um prazo a seus governos para "respeitar plenamente" os padrões internacionais. O Conselho de Administração, reunido em Viena, aprovou resoluções contra esses seis países, segundo um comunicado da associação divulgado em Paris, onde fica sua sede. O órgão advertiu o governo chinês por não ter respeitado seus compromissos com a liberdade de imprensa anunciados quando apresentou sua candidatura aos Jogos Olímpicos de 2008. Segundo a WAN, pelo menos 30 jornalistas estão presos na China. Sobre o Paquistão, a WAN criticou "a repressão" da liberdade de imprensa exercida pelas autoridades após a declaração do estado de emergência no início de novembro e sob o qual foram detidos pelo menos cinco jornalistas. A Geórgia foi alvo das críticas da WAN pela "violência policial" contra os repórteres e o "fechamento" de várias emissoras independentes durante manifestações recentes da oposição. Além disso, deplorou a "hostilidade crescente" do Governo do Azerbaijão contra a imprensa independente e da oposição. Oito repórteres estão presos no país, "o maior carcereiro da Europa e da Ásia Central", diz o relatório. O assassinato do fotógrafo japonês independente Kenji Nagai, durante a crise de outubro em Mianmar, foi igualmente condenado pela associação. A WAN criticou as autoridades somalis, pelo "recrudescimento da violência" contra a imprensa, aplicada tanto pelas forças de segurança do Governo provisório, como pelas milícias islamitas. Matéria ampliada às 18h38
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