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Número de novos casos de coronavírus sobe em 39 Estados dos EUA 

Total de notificações tem alta de 21% em 14 dias e Casa Branca defende publicamente a estratégia da ‘imunidade de rebanho’

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Um total de 39 dos 50 Estados americanos (78%) registrou uma tendência de alta nos casos de covid-19, em níveis mais altos desde agosto. Os novos contágios têm sido notificados em parte do nordeste, centro-oeste e oeste do país. Ao mesmo tempo, a Casa Branca discute como saída para a pandemia a liberação das atividades para que o país consiga a imunidade de rebanho, método considerado “antiético” pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

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De acordo com dados do Covid Tracking Project, um banco de dados colaborativo, o total de novos casos saltaram 21% em 14 dias e na terça-feira chegaram a 54.512 em 24 horas. As internações pela doença também não param de subir. De acordo com a plataforma, 36.051 pessoas deram entrada em hospitais do país com covid-19 na noite de terça-feira, o maior número desde 29 de agosto. 

Mesmo com os testes sendo insuficientes em grande parte do país, pelo menos 16 Estados contabilizaram mais casos novos no período de 7 dias que terminou na segunda-feira do que em qualquer outro de uma semana da pandemia. 

Lápides de plástico compõem um memorial temporário para as vítimas de coronavírus noSimonhoff Floral Park, em Miami Foto: Lynne Sladky/AP

Em Wisconsin, onde estão 10 das 20 áreas metropolitanas do país com as taxas mais altas de casos recentes, as equipes estão preparando um hospital de campanha em um recinto de exposições e feiras. “Embora estejamos esperançosos de poder aplainar a curva o suficiente para nunca ter de usar as instalações, os moradores de Wisconsin estão com medo”, escreveu o governador Tony Evers, aos líderes do legislativo local nesta semana.

Com números em alta, a Casa Branca recebeu na segunda-feira cientistas independentes que defendem que o vírus deve se espalhar a “taxas naturais”. Os especialistas tiveram uma audiência com o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Alex Azar, e com o médico neurorradiologista Scott Atlas, que tem se tornado um importante conselheiro do presidente Donald Trump para tratar da resposta do governo à pandemia.

Sinalização de trânsito avisa sobre restrições em Nova York Foto: Mary Altaffer/AP

O republicano tem mostrado irritação com os danos econômicos das paralisações impostas para controlar a pandemia e pressionou Estados a reabrir – ele chegou até ameaçar o bloqueio de verbas federais para os governos locais que não reabrissem suas escolas. Para Azar, a tese apresentada pelos especialistas na segunda-feira é “um forte reforço da estratégia da Administração Trump de proteger os vulneráveis ao abrir escolas e locais de trabalho”.

Ao abraçar a tese da imunidade de rebanho, Trump tem se afastado dos conselhos dos principais médicos de seu próprio governo, como a coordenadora da força-tarefa do coronavírus da Casa Branca, Deborah Birx, e de Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.

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Já os três especialistas da audiência de segunda-feira, antes desconhecidos e apartados das discussões sobre a resposta à pandemia, Martin Kulldorff, epidemiologista da Universidade de Harvard, Sunetra Gupta, epidemiologista da Universidade de Oxford, e Jay Bhattacharya, médico e economista de saúde na Stanford Medical School, agora são citados como referências nas entrevistas coletivas da Casa Branca.

Para o diretor do Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), Francis Collins, a estratégia de deixar que o vírus se espalhe em um país que já tem mais de 216 mil mortos pela doença é “marginal”. “O que me preocupa é que isso seja apresentado como se fosse uma importante visão alternativa sustentada por um grande número de especialistas da comunidade científica. Não é verdade”, disse Collins. “Este é um componente marginal da epidemiologia. Isso não é ciência convencional. É perigoso. Ele se encaixa nas visões políticas de certas partes de nosso confuso sistema político.”

Na segunda-feira, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que “nunca na história da saúde pública a imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a uma epidemia, muito menos a uma pandemia. Isso é científica e eticamente problemático”. / NYT, WP e AFP

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