O ar na faculdade Evergreen, no Estado americano de Washington, ficou pesado para o professor de biologia evolutiva Bret Weinstein. Típico acadêmico esquerdista, desses que apoiam Bernie Sanders e Occupy Wall Street, Weinstein tornou-se o último alvo dos “politicamente corretos”, “guerreiros da justiça social” e quejandos.
Suas aulas foram interrompidas no início de junho por manifestantes que o xingavam de racista e queriam expulsá-lo do câmpus. O motivo era um e-mail em que ele se dizia contrário à mudança que a direção fizera numa tradição que data dos anos 70: o Dia de Ausência. Inspirados na peça homônima do dramaturgo Douglas Turner Ward, em que negros paralisam uma cidade ao ficar um dia em casa, os alunos e professores negros deixavam de ir ao câmpus durante um dia, em gesto simbólico contra o racismo. Neste ano, a direção resolveu que os alunos e professores brancos é que deveriam ficar em casa naquele dia.
“Há enorme diferença entre um grupo decidir voluntariamente se ausentar de um espaço compartilhado, para sublinhar seu papel vital subestimado, e encorajar outro grupo a ir embora”, escreveu Weinstein na mensagem. “O primeiro é um chamado à consciência que fere a lógica da opressão. O segundo é uma demonstração de força, um ato de opressão em si.” Seu argumento irrefutável despertou ira e violência. Manifestantes tomaram o câmpus armados com tacos de beisebol, spray de pimenta e canivetes. A revolta cresceu depois que ele deu entrevista à Fox News, e o câmpus foi invadido também por seus defensores. A direção foi incapaz de manter sua segurança.
Weinstein duvida que tenha condição de voltar às aulas no próximo semestre. “Não tenho interesse em interagir com uma comunidade tão confusa a respeito da realidade quanto Evergreen”, diz. O que mais o chocou é haver, numa faculdade, tanta gente “imune ao aprendizado”. Não é só em Evergreen.
Vladimir Putin e Oliver Stone na “nyet-flix”
Vladimir Putin tem uma capela particular e três escritórios exclusivos apenas no Kremlin, revela The Putin Interviews, documentário em quatro capítulos que resultou do acesso exclusivo do cineasta Oliver Stone ao presidente russo durante dois anos. É uma visão edulcorada do mundo de Putin. No momento em que visita a sala de guerra, Stone descobre um segredo de Estado: não há congestionamento na Província dos Urais. É lateral a menção à intervenção russa nas eleições americanas. Putin nega: “Nyet, nyet”.
Gays no vestiário e na Chechênia
A certa altura, Putin afirma que prefere não entrar num vestiário com gays. “Para que provocá-los?”, pergunta. “Ei, não concordo com quem é gay, mas não perseguimos eles.” Em reportagem na New Yorker, a ativista e jornalista Masha Gessen o desmente. Ela entrevistou gays que fugiram de prisão arbitrária e tortura na Chechênia governada por Ramzan Kadyrov. Indicado por Putin, Kadyrov já disse que gays chechenos não existem.
Israel tenta se livrar de refugiados
Conhecido por abrigar refugiados de toda a parte desde a fundação, Israel vem sofrendo críticas pela política dispensada àqueles que chegaram do Sudão e da Eritreia em anos recentes – quase 65 mil, entre 2006 e 2013. Uma investigação da Foreign Policy revela que, desde que o premiê Binyamin Netanyahu obteve seu terceiro mandato, ele tem procurado fazer pressão para que eles deixem o país, em geral rumo a Ruanda ou Uganda, nem sempre destinos seguros.
Para entender quem é Cristina K
O jornalista argentino Daniel Santoro, do Clarín, publicou investigações mais sérias sobre a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, hoje candidata ao Senado. Santoro é autor de Nisman debe morir, que atribui a grupos vinculados a Cristina o assassinato de Alberto Nisman, procurador que investigava o envolvimento iraniano no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994, e do livro La ruta del dinero K, que desvenda esquemas de corrupção da era Kirchner.