O conflito que mudou o mundo faz 70 anos

Em 1.º de setembro de 1939, invasão de Hitler à Polônia iniciava 2ª Guerra

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Por EFE
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Com aproximadamente 60 milhões de mortos e uma tecnologia armamentista sem precedentes, a 2ª Guerra permanece como o conflito mais devastador da história, no qual ambos os lados cometeram atrocidades, como o Holocausto ou o lançamento da bomba atômica. "Fico muito feliz que tenham inventado os explosivos, mas acho que não devemos melhorá-los" dizia o premiê britânico Winston Churchill. A 2ª Guerra colocou em dúvida os méritos do progresso ao se converter em um campo de teste do homem para sua própria barbárie. Os resultados superaram as expectativas e chegaram às raias da autodestruição. O próprio Churchill acabaria escrevendo sobre a decisão de lançar a bomba sobre o Japão: "Era uma unanimidade. Não houve nenhuma objeção." Assim, ele resumia a instrumentalização da técnica, que havia sido apontada pelos filósofos da Escola de Frankfurt e cristalizada com eficiência nos campos de concentração nazistas. "Uma morte é uma tragédia, milhões de mortes é uma estatística", dizia o ditador soviético Josef Stalin. O extermínio de 12 milhões de pessoas (a metade delas, judeus) e a bomba atômica continuam sendo as atrocidades mais significativas do conflito, mas não foram as únicas ocorridas entre 1º de setembro de 1939 e 9 de setembro de 1945. Da invasão alemã à Polônia à rendição formal das tropas japonesas na China, princípio e fim do conflito, produziram-se outras batalhas cruentas: Stalingrado, Dunquerque e Guadalcanal, assim como bombardeios famosos, como os de Dresden e de Pearl Harbor. Mais de 70 foram os países envolvidos em duas frentes: os Aliados, capitaneados por EUA, França, Grã-Bretanha e União Soviética, e o Eixo, com Alemanha, Itália - que logo mudou de lado - e Japão. O fracasso da Liga das Nações inspirou sua herdeira, a Organização das Nações Unidas. O Plano Marshall de recuperação da Europa converteu-se em peça fundamental para a hegemonia econômica americana. A criação do Estado de Israel, em 1948, é hoje um dos principais focos de conflito no mundo. A linha divisória, no início bem definida, entre vencedores e vencidos, heróis e vilões, continua se esfumando no debate histérico. O maniqueísmo, que alcançou seu auge durante a Guerra Fria, continua mostrando suas falhas à medida que vão se descobrindo novas informações do período. A abertura parcial dos arquivos soviéticos após o colapso do comunismo mudou a compreensão da guerra na frente oriental por parte dos estudiosos ocidentais. O fato de Stalin ter sido indicado para o Nobel da Paz, em 1945, e de as bombas atômicas serem consideradas um ato de libertação são dados que revelam o poder da perspectiva. "Pensei que o povo japonês pudesse encontrar no aparecimento de uma arma sobrenatural como essa uma desculpa que salvaria sua honra e os eximiria de sua obrigação de se deixar matar até o último homem. Além disso, assim, não precisaríamos dos soviéticos", dizia Churchill. Por outro lado, permanece a crítica à comunidade internacional de fazer ouvidos moucos ante os primeiros passos da expansão nazista por sua "utilidade" como freio à pujança comunista. A França, quando Hitler ocupou a Renânia, em 1935, foi incapaz de tomar uma decisão sem o apoio da Grã-Bretanha. Por isso, os historiadores Williamson Murray e Allan Millet reconhecem que, "à medida que o passado foi se distanciando da memória e tomando forma sobre a página impressa, os historiadores começaram a empregar palavras mais suaves para descrever a vitória."

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