Chacoalhado nos últimos anos pelo Tea Party, facção da direita radical, o Partido Republicano assiste ao nascimento de um novo fenômeno extremista em torno de Ron Paul. Um dos pré-candidatos à corrida pela Casa Branca, o deputado pelo Texas apresenta-se como uma espécie de "inimigo do Estado" e poderá surgir como opção independente para os eleitores americanos em novembro, se não for o escolhido de seu partido.
As ideias de Paul, muitas delas confiscadas pelo Tea Party, têm sido acolhidas nos últimos meses por eleitores revoltados com a atuação da Casa Branca e do Congresso desde a crise de 2008. Ao contrário da ruidosa maioria do Tea Party, disposta a apoiar o pré-candidato com maior chance de derrotar o presidente Barack Obama, os simpatizantes de Paul comportam-se como abandeirados indispostos a transferir seus votos para outro republicano.
Paul atrai a maior fatia dos eleitores indignados. Em Iowa, no dia 3, ele obteve 40% dos votos de jovens e o recorde de 44% de independentes. Em New Hampshire, onde 39% do eleitorado é independente, Paul ficou em segundo lugar, com 22,9% dos votos. As propostas de Paul para o enxugamento do Estado, de fato, são raras e vão além das de seus concorrentes no partido.
Ele defende o retorno do padrão-ouro para a definição do valor das moedas nacionais e a eliminação do Fed (o Banco Central dos EUA), do Internal Revenue Service (a Receita Federal) e da Previdência Social, além de vários Departamentos (Ministérios), como o da Educação.
Nas áreas de política externa e de segurança nacional, suas ideias para "restaurar a América" causam ainda mais espanto. Paul afirma abertamente terem sido os EUA os responsáveis pelos atentados do 11 de Setembro, porque mantiveram uma política intervencionista no Oriente Médio.