28 de junho de 2012 | 03h02
Não esqueçamos de que a Turquia é o principal pilar de sustentação do flanco sudeste da aliança e fornece, depois dos EUA, o segundo maior contingente de soldados da Otan. Tal procedimento é raro. Desde a criação da organização, em 1949, é a segunda reunião do gênero.
A Otan condenou "nos termos mais veementes a destruição do caça turco". Em Ancara, o tom é igualmente muito duro. Falando aos deputados de seu partido, o premiê Recep Tayyip Erdogan não mediu suas palavras. Ele disse que o regime de Bashar Assad "é uma ameaça clara e próxima para a segurança da Turquia assim como para a do seu povo".
E depois? Depois, nada. A Otan gostaria muito que as coisas se acalmassem. A Turquia também. Esta prudência, como já foi dito dez, cem vezes anteriormente, tem suas razões: o entrelaçamento das alianças entre os diferentes países do Oriente Médio; a febre permanente dessa região do mundo e o temor de uma agitação social à primeira escalada; a impotência da ONU; e, finalmente, os epílogos inquietantes, senão catastróficos, das revoluções árabes.
Portanto, o avanço se dá com grande cautela. Nada de ondas! A Turquia contenta-se em ajudar a oposição síria, mas sem mencionar o fato. Representantes do alto escalão do governo turco desejariam ir mais longe no apoio à oposição, mas não podem deixar de avaliar a dificuldade deste apoio. Por exemplo, o vice-premiê turco, Bulent Arinç, que é considerado um "falcão", propôs na terça-feira que a Turquia cortasse o fornecimento de eletricidade à Síria. Boa ideia. Entretanto, esse embargo complicaria a vida cotidiana, já bastante difícil, da população civil.
E, principalmente, 80% do gás natural que a Turquia consome é fornecido pelo Irã e pela Rússia. Como todos sabem, ambos os países são os principais aliados e protetores do regime de Assad. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
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