
18 de junho de 2011 | 00h00
Na Líbia, Muamar Kadafi também ordenou a seus soldados que atirassem contra a população - mas, em seguida, França, Grã-Bretanha e EUA puseram em ação a pesada máquina da Otan para auxiliar os democratas que se levantam contra a tirania.
Nada disso ocorre no caso da Síria: Assad mata e os outros países olham de longe. Sobretudo os países árabes. Tunísia e Egito, que destronaram brilhantemente seus ditadores, não fazem fronteira com a Síria. Além disso, os regimes que sucederam aos de Ben Ali e Mubarak ainda vacilam. Silêncio, portanto. A inércia da Arábia Saudita também se explica: a Síria é muito próxima do Irã xiita. Os sunitas de Riad detestam a aliança entre iranianos e sírios, mas preferem manter o status quo na região. E têm horror a revoluções democráticas. O coração dos príncipes sauditas palpita. E não faz nada.
Há ainda o caso de Israel, que sempre denunciou o apoio dado pela Síria a duas organizações consideradas terroristas: o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Faixa de Gaza. Mas, desde que começaram as revoltas no país vizinho, Israel parece ausente. A razão: a Síria sempre manteve a ordem ao longo da fronteira com Israel, que se acomodou com a ditadura síria.
O Ocidente já tem guerras demais sob os braços. Não está disposto a abrir uma nova frente na Síria. A França é exceção. Nicolas Sarkozy luta para que o governo de Damasco seja condenado pela ONU. Por que tanta energia? Sem dúvida, ele quer que esqueçamos o início catastrófico do seu mandato, quando acolheu em Paris, com luxo, vulgaridade e fausto grotescos, o insuportável coronel Kadafi e o melífluo Assad. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
É CORRESPONDENTE EM PARIS
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