Como o sr. se identifica ideologicamente?
Neste momento, os grandes problemas do Uruguai não são ideológicos. Ninguém pode ser a favor do desemprego ou da insegurança. Temos de ser mais pragmáticos, ver o que funciona no mundo e adotar aqui.
Mas o sr. está em um partido liberal de direita.
Esquerda e direita não querem dizer mais nada. Em questões sociais, o governo deve tomar políticas de esquerda. Nas questões econômicas, mais de direita. As melhores sociedades, aquelas que funcionam melhor, são as abertas e socialmente tolerantes.
Qual a sua opinião sobre Bolsonaro?
Eu o conheço e, para mim, é bom ter um bom contato com outro presidente da região. Nos últimos anos, o Uruguai se isolou e isso teve consequências econômicas e políticas. Não estamos mais onde as decisões são tomadas. Esse foi um dos grandes erros da Frente Ampla. Quero um Uruguai que tenha voz. Se nos dermos bem com nossos vizinhos, poderemos ter vantagens e benefícios que vão muito além da nossa economia.
Mas o que o sr. acha de Bolsonaro?
Eu respeito muito a escolha dos brasileiros. Eles votaram nele, por isso é muito difícil comentar. Mas presidentes não precisam pensar da mesma maneira para trabalhar juntos.
Como o sr. imagina o Mercosul no seu governo?
Para mim, o Mercosul é uma ideia linda, mas não funciona. Há algumas semanas, a Argentina impôs barreiras tarifárias e prejudicou muitas indústrias uruguaias. E esse não é o espírito do bloco. Eles nos mantêm reféns, incapazes de assinar acordos com outros países. Quero tornar isso mais flexível – e Bolsonaro já disse que está indo pelo mesmo caminho. Gosto do exemplo da Suíça, que tem mais de 120 acordos comerciais bilaterais com outros países. Isso seria ideal, porque muitos acordos são bons para o Uruguai, mas não para os grandes atores regionais. Como país pequeno, temos de ter flexibilidade.