Ele tem 45 anos, tocou baixo numa banda punk na juventude, lembra um pouco o ator James Stewart e hoje desafia um bastião republicano nos Estados Unidos: o Texas. Beto O’Rourke, deputado e candidato democrata ao Senado, está na cola do favorito Ted Cruz, num Estado onde republicanos não perdem há mais de 30 anos.
Mesmo que O’Rourke perca, já desperta comparações com o senador eleito presidente há dez anos, Barack Obama. Entre os democratas, é mais popular que senadores e governadores. Os pré-candidatos Bernie Sanders, Joe Biden e Elizabeth Warren terão todos mais de 70 anos em 2019. Desde Lyndon Johnson, só jovens democratas chegaram à presidência: Jimmy Carter (52), Bill Clinton (46) e Obama (47). Por que não O’Rourke?
Nascido na fronteiriça El Paso e fluente em espanhol, ataca a política migratória de Donald Trump, o muro, o “conluio” com Vladimir Putin, fala em mudanças climáticas, salário dos professores, custo de vida dos aposentados e imprensa livre. “Gente razoável pode discordar”, afirma num vídeo visto mais de 44 milhões de vezes, defendendo o direito dos jogadores de futebol americano de se ajoelhar em protesto durante o hino nacional.
Sua vida se complicou com a denúncia de que, aos 26 anos, tentou fugir depois de bater o carro bêbado (ninguém se feriu). Ele pediu desculpas. Compartilha toda a campanha nas redes sociais, dispensa o conselho de marqueteiros e fala o que lhe dá na telha. “Nem fazemos pesquisa”, contou O’Rourke à Vanity Fair. “Que temos a perder?”
- Alvo do acordo com México é a China
A alvo do acordo americano com o México não é o Canadá, mas a China. Submetido aos canadenses sem margem para mudança, ele endurece as regras para definir a origem de produtos. Para um carro ser considerado interno ao bloco, 75% das peças deverão ser produzidas nele, metade por operários que ganham ao menos US$ 16 por hora. Será um golpe na indústria mexicana de autopeças, onde a remuneração média é US$ 2,30. Mas outros produtos terão de trocar componentes importados da China por fabricados no bloco. Vantagem para os mexicanos, cuja indústria compete mais com a chinesa que com a americana.
- A ofensiva da direita no Vale do Silício
Um ano atrás, o Google demitiu um funcionário que criticou o cerceamento de opiniões conservadoras na empresa. No último dia 20, Brian Amerige, funcionário do Facebook e admirador da libertária Ayn Rand, publicou uma mensagem conclamando colegas de direita a formar um grupo para combater a falta de “diversidade política” no trabalho. “Afirmamos abraçar todas as perspectivas, mas atacamos - não raro como manadas - qualquer um que apresente uma visão que parece oposta à ideologia de esquerda”, escreveu. A iniciativa reuniu mais de cem funcionários.
- Censura nas universidade britânicas
Não só nos Estados Unidos conservadores sofrem nas universidades. No King’s College, em Londres, um debate com direitistas foi interrompido em março por bombas de fumaça. A faculdade depois cancelou até uma palestra sobre liberdade de expressão. Segundo o Free Speech University Ranking, 54% das faculdades britânicas praticam alguma forma de censura.
- Livro atribui ‘fake news’ à ‘mídia conservadora’
A “mídia conservadora” é a principal responsável pela propagação de notícias falsas, afirma um novo livro dos juristas Yochai Benkler, Robert Faris e Hal Roberts. Com base na análise de milhões de conteúdos digitais, tuítes e compartilhamentos, eles concluem que “o ecossistema da mídia de direita” é mais suscetível a “desinformação, mentiras e meias-verdades”.
- O fim do primeiro jornal a denunciar Trump
Entre a fundação, em 1955, e o fim, na última sexta-feira, o Village Voice marcou era e abrigou talentos como Norman Mailer. Foi no Voice que o repórter Wayne Barrett publicou, em janeiro de 1979, as primeiras denúncias de racismo na seleção de inquilinos, nos prédios de um jovem empreendedor imobiliário chamado Donald Trump.