Dados oficiais dizem que 2,2 bilhões de litros de gasolina foram surrupiados da Pemex em 2016. Foram 6,8 mil assaltos que deram prejuízo de US$ 1,5 bilhão. Em 2017, o número de casos de roubo saltou para 9,5 mil. Este ano, o novo governo mexicano colocou o rombo acima dos US$ 3 bilhões. As perdas aumentaram à medida que o crime organizado começou a explorar o negócio.
Hoje, o cartel mexicano é uma espécie de holding do mercado ilícito. As drogas ainda são o carro-chefe, mas os lucros com outras atividades diversificaram as receitas e deixaram as organizações mais dinâmicas. Nesse contexto, tráfico de imigrantes, extorsões, sequestros, pirataria, contrabando fizeram os cartéis ficarem menos dependentes do mercado da droga. O roubo de combustível, portanto, é só uma peça da engrenagem.
No México, o procedimento usado para afanar gasolina é chamado de “ordenha de dutos”. Funciona mais ou menos assim: o criminoso faz um corte na tubulação e instala uma torneira. Parece simples, mas não é. Antes de sair furando a tubulação, é fundamental saber quando o combustível passa, ter um mapa com os locais adequados e, mais importante, controlar a pressão com equipamentos sofisticados. Depois, é preciso levar o material roubado e distribui-lo em postos de gasolina. Ou seja, nada disso pode ser feito sem a cumplicidade dos servidores da Pemex.
Muitos funcionários da estatal estão na folha de pagamento dos cartéis. E o dinheiro flui de maneira democrática para soldadores, mecânicos, engenheiros e gerentes. Recentemente, o governo confirmou que Eduardo León Trauwitz, ex-chefe de segurança da Pemex, também é investigado por envolvimento no negócio.