O que a Grã-Bretanha sabia e tentou esconder

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Por Agencia Estado
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O governo do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, foi alvo hoje de severas críticas devido a uma suposta tentativa de abafar o trabalho de parlamentares que tentam descobrir o que ele sabe sobre os "vôos da tortura" da CIA (agência central de inteligência dos EUA. Segundo reportagem publicada hoje pelo jornal britânico The Guardian, uma estratégia secreta para abafar um debate sobre a "rendição" - a prática americana de transportar detidos para centros secretos onde eles poderiam ser torturados - é revelada num documento enviado pelo Ministério do Exterior britânico ao escritório do primeiro-ministro em Downing Street. De acordo com o Guardian, o documento revela que o governo britânico estava informado sobre centros de interrogatório secretos, apesar das negativas dos ministros. Ele admite, porém, que o governo não tinha idéia de que indivíduos detidos por tropas britânicas no Iraque ou no Afeganistão haviam sido enviados a centros secretos. Datado de 7 de dezembro do ano passado, o documento citado pelo diário britânico é uma nota de Irfan Siddiq, do escritório particular do ministro do Exterior, a Grace Cassy, do escritório de Tony Blair. Ele foi obtido pela revista New Statesman, cujo número mais recente saiu nesta quinta-feira, 19 de janeiro, e foi redigido em resposta a um pedido de conselho de Downing Street "sobre substância e manejo" da controvérsia sobre os vôos de "rendição" da CIA e as alegações de conivência da Grã-Bretanha com a prática. Hoje, o porta-voz para assuntos de relações exteriores do Partido Liberal, Nick Clegg, exigiu que o governo emita um comunicado urgente ao parlamento explicando os fatos. "É uma brutal irresponsabilidade que, em um assunto de supostas violações dos direitos humanos internacionais, a estratégia deliberada do governo tenha sido a de se esquivar de detalhes e abafar a questão, ao invés de ampliar o debate", disse ele. Shami Chakrabarti, diretora do grupo de direitos civis Liberty, afirmou ter ficado "extremamente desapontada" com a possibilidade de o governo ter optado por "uma tática de desvio" ao invés de uma ampla investigação do assunto.

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