O que está em jogo nas eleições bolivianas?

Bolivianos vão às urnas no domingo; pesquisas indicam que presidente pode ganhar no 1º turno.

PUBLICIDADE

Por Marcia Carmo
Atualização:

Nas eleições de 6 de dezembro, cerca de 20 municípios poderão se transformar em autonomias indígenas. Mais de cinco milhões de bolivianos participarão das eleições gerais. Oito candidatos disputarão a Presidência, entre eles o presidente Evo Morales, que, de acordo com pesquisas recentes, poderia se tornar o primeiro presidente reeleito para um mandato consecutivo na história do país. Além da Presidência, estão em jogo a formação da Assembleia Legislativa Plurinacional, órgão legislativo que substituirá o Congresso de acordo com a Constituição aprovada no princípio de 2009. Saiba mais sobre as eleições bolivianas. O que os bolivianos elegerão no dia 6 de dezembro? As eleições têm importância dobrada porque a Assembleia Legislativa Plurinacional desenhará as estruturas de governo. No dia 6 de dezembro os bolivianos elegerão o presidente, o vice-presidente e os legisladores da futura assembleia - poder que substituirá o Congresso, segundo dita a nova Constituição, e desenhará as estruturas políticas de um Estado boliviano reformado. O candidato que obtiver 50% mais um do total de votos válidos, ou pelo menos 40% somado a uma vantagem de 10% em relação ao adversário imediato, será proclamado presidente. Se isso não acontecer, as duas chapas mais votadas resolverão a disputa em um segundo turno, que será vencido por quem obtiver maioria simples. Quem se candidata à Presidência? O presidente indígena e esquerdista Evo Morales se candidata à reeleição e tem grandes chances de vencer no primeiro turno. Se as previsões dos institutos de pesquisa - que dão a Morales mais de 50% das intenções de voto - se confirmarem, Morales venceria com cerca de 30 pontos percentuais de vantagem em relação ao candidato de direita Manfred Reyes Villa. Reyes Villa, ex-militar e ex-governador de Cochabamba, é o candidato da oposição mais bem situado nas pesquisas, concorrendo pelo Plano Progresso Para Bolívia-Convergência Nacional (PPB-CN). Chega às eleições com cerca de 20% das intenções de voto. O empresário da indústria de cimento Samuel Doria Medina está em terceiro na corrida, com menos de 10%. Candidata-se à Presidência pela Unidade Nacional (UI). Há também outros cinco candidatos, que somariam cerca de 5% das intenções. Além disso, as pesquisas registram cerca de 7% de indecisos. O que é a Assembleia Plurinacional? A Assembleia Legislativa Plurinacional é o órgão legislativo que substituirá o Congresso. Assim como o Congresso, será formada por duas câmaras. Os integrantes da Assembleia Legislativa Plurinacional serão responsáveis pela elaboração da estrutura jurídica dos outros dois poderes, o Executivo e o Judiciário, e pela colocação em prática de um novo tipo de jurisdição política previsto na nova Constituição: as autonomias. O partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), precisa obter a maioria qualificada de dois terços para "avançar em suas revoluções indigenistas e socialistas" sem ter que negociar com seus opositores. Que outras mudanças a nova Constituição introduziu? São as primeiras eleições na Bolívia em que o presidente em exercício pode ser reeleito para um mandato consecutivo, ainda que apenas por uma vez. Cerca de 200 mil cidadãos bolivianos radicados em Espanha, EUA e Argentina, maiores de 18 anos e registrados com dados biométricos em suas cidades, participarão das eleições no exterior, de acordo com a nova Constituição. Além disso, há candidatos mais jovens à Câmara dos Deputados, já que a idade mínima para poder se candidatar passou de 25 para 18 anos. O que mais será votado? Essa será a primeira vez em que bolivianos registrados no exterior participarão das eleições. Além do presidente e do vice-presidente, e da Assembleia Plurinacional, os bolivianos de cinco das nove regiões da Bolívia - Chuquisaca, Cochabamba, La Paz, Oruro e Potosi - votarão sobre autonomia de estados. Em referendos o "Não" venceu nesses estados, mas, como explica a correspondente da BBC Mundo na Bolívia, Mery Vaca, agora o governo impulsiona o processo em todo o país. Em alguns municípios os bolivianos votarão para confirmar uma autonomia indígena, uma espécie diferente de jurisdição que permitirá aos povos indígenas decidir de acordo com suas tradições e costumes. Um total de 19 municípios - dos 327 que existem no país - pediram essa denominação. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.