O que se sabe até agora sobre os ataques ao petróleo da Arábia Saudita

Os Estados Unidos tentam investigar junto com os sauditas se o Irã, de fato, é o responsável, o que poderia levar a retaliações americanas

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Por Redação
Atualização:

Os ataques ao maior centro de refinamento de petróleo do mundo e a um campo de petróleo na Arábia Saudita, no sábado, 14, geraram impactos tanto econômicos no preço e oferta de petróleo quanto políticos ao redor do mundo.

Refinaria de Buqayq, Arábia Saudita, pegou fogo após ataque Foto: Reprodução/via Reuters

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As dúvidas sobre a procedência dos ataques são o mote principal, levando até ao envolvimento dos Estados Unidos, principal aliado do reino. 

Nesta terça-feira, 17, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, viajou à Arábia Saudita para "analisar uma resposta" aos ataques. Os EUA também estão fazendo perícias nos restos de mísseis e drones encontrados para possíveis pistas do responsável. 

Quem está por trás dos ataques à Arábia Saudita e o que as evidências mostram

O governo dos EUA disse que o Irã é o nome mais provável de estar por trás do ataques às instalações petrolíferas da Arábia Saudita conduzidos no sábado, e cita avaliações de inteligência e fotografias de satélite que mostram o que os altos funcionários americanos apontam como evidência de envolvimento de Teerã.

Nesta terça, fontes americanas confirmaram à agência Reuters e ao site BBC que os mísseis, de fato, foram lançados do Irã. De acordo com a BBC, os sauditas não conseguiram interceptar os armamentos porque o sistema de defesa do país estava apontado ao sul, para evitar ataques vindos do Iêmen.

O jornal New York Times analisou as fotos de satélite fornecidas e as comparou com fontes independentes, quando possível, para determinar o que elas mostram e o que ainda está incerto.

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Complexidade superior às capacidades dos houthis

Analistas militares que estudam a guerra do Iêmen dizem que o alcance, a escala e a complexidade das ações excedem em muito a capacidade demonstrada pelos rebeldes houthis anteriormente, que reivindicaram a autoria dos ataques.

As fotos de satélite mostram o que os funcionários do governo americano afirmam ser ao menos 17 pontos de impacto nas duas estruturas de energia saudita, ainda que nem todos os alvos tenham sido atingidos. Em um dos locais, Abqaiq, as imagens ilustram danos a tanques de armazenamento e trem de processamento.

Ainda que os rebeldes usem drones com frequência para tentar atacar a Arábia Saudita, eles têm apostado mais no Samad 3, um drone barato, pequeno, lento e improvável de ser capaz de ultrapassar as defesas aéreas sauditas e alcançar alvos com a precisão e a coordenação vistas nos ataques do fim de semana.

Mais recentemente, eles passaram a utilizar um drone mais avançado, o Quds 1. Este pode ser descrito como um míssil de cruzeiro pequeno ou um grande drone com uma carga útil que se aproxima de um míssil de cruzeiro. Contudo, ele carece de alcance para ir do norte do Iêmen às instalações petrolíferas da Arábia Saudita.

Ainda assim, alguns especialistas em segurança argumentam que os houthis melhoraram muito seus drones e mísseis de cruzeiro.

Origem dos ataques incerta

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Altos funcionários americanos ainda não confirmaram a origem oficial do ataque. O que eles disseram é que as imagens de satélite são coerentes com ações oriundas do norte ou noroeste, o que apontaria para um ataque da direção do Irã ou Iraque, mais do que do Iêmen.

No entanto, as fotos não são tão claras como sugeriu o governo americano, e algumas delas parecem mostrar danos no lado oeste da estrutura, não da direção do Irã ou Iraque.

Mesmo que o impacto indique que parte dos locais danificados estão na direção do Irã ou do Iraque, analistas de segurança afirmam que isso não prova de onde os ataques foram lançados.

Mísseis de cruzeiro podem ser programados para mudar de curso, atingir uma parede na direção oposta de onde eles foram disparados, por exemplo.

Precisão coerente com mísseis guiados

O governo americano afirmou, sem oferecer evidências, que os ataques foram uma combinação de drones e mísseis de cruzeiro guiados.

As imagens de satélite não oferecem informações o suficiente para determinar que tipo de armas foram utilizadas. Mas Adam Simmons, um analista geoespacial, diz que a precisão e o nível do dano aos tanques de armazenamento são coerentes com o tipo de munição guiada, como um míssil.

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Analistas também mostraram em uma rede social saudita fotos do que parecem ser destroços de mísseis, o que poderia fornecer novas pistas sobre como o ataque foi conduzido. A localização e a data das imagens não foram confirmadas, mas elas parecem novas.

Os destroços são coerentes com o Quds 1, disse Fabian Hinz, um pesquisador do Centro James Martin para Estudos de Não-Proliferação, apesar de ele alertar que seria necessário mais confirmações a respeito.

Se as fotos dos destroços estiverem ligadas aos ataques, seria menos provável que eles se originaram no Iêmen, já que o alcance do míssil Quds 1 pode não ser suficiente para chegar ao local em questão, alega Hinz. / NYT

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