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Obama alerta para ''momento Sputnik''

No Discurso sobre o Estado da União, presidente lembra a corrida espacial para dizer que esta é a hora de os americanos se inovarem

Por Gustavo Chacra
Atualização:

Considerando este um "momento Sputnik" para a atual geração de americanos, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que investirá em pesquisas que criarão empregos, garantirão a segurança do país e protegerão o planeta, segundo trechos de seu Discurso do Estado da União, que seria feito na noite de ontem (madrugada no Brasil). Obama pediria ainda o congelamento por cinco anos de gastos adicionais, além de um corte de US$ 78 bilhões no orçamento do Pentágono.Calcula-se que as medidas economizariam mais de US$ 400 bilhões até 2015. O aperto nos cintos busca aplacar a dura oposição dos republicanos, que agora têm maioria na Câmara. "Meio século atrás, quando os soviéticos nos derrotaram na corrida especial ao lançar um satélite chamado Sputnik, nós não tínhamos ideia de como os superaríamos para chegar à lua. Não tínhamos a ciência (para este objetivo). A NASA nem sequer existia. Mas, após investir em mais pesquisa e educação, nós não apenas superamos os soviéticos, como também lançamos uma onda de inovação que criou indústrias e milhões de empregos. Este é o momento Sputnik da nossa geração", diria o presidente, de acordo com parte do discurso divulgado horas antes pela Casa Branca."Dois anos atrás, disse que necessitávamos alcançar um nível de pesquisa e desenvolvimento que não víamos desde a corrida espacial. Nas próximas semanas enviarei ao Congresso um orçamento que nos ajudará a alcançar esse objetivo", diria Obama.A competição desta vez, segundo o presidente, será contra indianos e chineses, que "passaram a educar suas crianças com ênfase em matemática e ciência e investindo em pesquisas e novas tecnologias".Para não ficar para trás, o presidente afirmou ser necessária uma aliança com a oposição para adotar uma estratégia de três pontos - encorajar a inovação, incluindo o desenvolvimento de energias alternativas; melhorar a educação das crianças americanas; e a reconstrução da infraestrutura do país.Diferentemente de quando tomou posse e também do ano passado, Obama terá pela frente um líder do Congresso da oposição, John Boehner, que prometeu fazer de tudo para impedir que o presidente se reeleja.Buscando dar um recado positivo para o setor privado, Obama diria, segundo a Casa Branca, que "dois anos depois da mais grave recessão que a maioria de nós conheceu, as Bolsas de Valores começam a subir. Os lucros das corporações aumentaram. E a economia voltou a crescer". Ao mesmo tempo, o presidente admitiria o problema da taxa de desemprego, atualmente em 9,4%."Medimos progresso pelo sucesso das pessoas. Pelos empregos que conseguem encontrar e pela qualidade de vida que esses trabalhos oferecem. Pelas perspectivas do dono dos pequenos negócios que sonha em transformar sua empresa em uma grande corporação. Este é o projeto que o povo americano quer que trabalhemos conjuntamente", afirmaria o presidente, à oposição republicana.TEMAS EM PAUTASuperação - EUA vivem hoje situação semelhante à de 50 anos atrás, quando soviéticos colocaram em órbita o Sputnik, diria ontem Obama. Como na Guerra Fria, americanos devem apostar na criatividade para não ficar para trás. "Ao final, nós não apenas ultrapassamos a URSS. Nós iniciamos uma onda de inovação"Bipartidarismo - Segundo Obama, a eleição de novembro, que impulsionou republicanos no Congresso, demonstra que americanos exigem um "compartilhamento de responsabilidades". "Andaremos juntos ou não andaremos, pois os desafios que enfrentamos são maiores que partidos", exortou Congelamento de gastos - Obama prometeria economizar mais de US$ 400 bilhões nos próximos anos congelando qualquer tipo de gasto adicional. Segundo ele, será a economia mais rígida desde o governo EisenhowerIrã e Coreia do Norte - EUA conseguiram fazer com que o Irã passasse a enfrentar sanções "mais duras do que nunca". Na Península Coreana, Washington continuaria ao lado de Seul contra o programa nuclear de PyongyangTunísia - Obama defenderia manifestantes tunisianos que derrubaram o governo. "Os EUA estão do lado do povo da Tunísia e apoiam aspirações democráticas de todos os povos"Energia limpa - Até 2035, 80% da energia consumida nos EUA virá de fontes limpas, de acordo com a meta que Obama colocaria ontem. "A evolução na energia limpa só ocorrerá se empresas souberem que há um mercado para elas"Subsídios a petroleiras - O presidente pretenderia cortar bilhões de dólares de contribuintes gastos com subsídios a empresas petrolíferas. "Em vez de subsidiar a energia de ontem, investiremos na do amanhã"

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