Obama anuncia novo diretor da CIA

Presidente eleito diz que não haverá mais tortura em interrogatórios

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Por REUTERS e NYT E THE GUARDIAN
Atualização:

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, que assume a presidência no dia 20, confirmou ontem Leon Panetta, ex-chefe de gabinete do governo de Bill Clinton, para dirigir a CIA, o almirante Dennis Blair como diretor nacional de inteligência e John Brennan, veterano funcionário da CIA, como conselheiro de segurança da Casa Branca, que coordenará as medidas antiterror do país. A indicação de Panetta, que tem pouco conhecimento do mundo da espionagem, foi bastante criticada em Washington. No entanto, Obama descreveu ontem a dupla Panetta e Blair como de "inquestionável integridade, ampla experiência e singularmente qualificados" para os postos. Durante o governo Clinton, Panetta, que foi deputado por 16 anos, ficou conhecido por administrar o orçamento federal. No governo Bush, participou de uma comissão bipartidária que recomendou, em 2007, uma retirada gradual das tropas americanas do Iraque - recomendação ignorada pela Casa Branca. Panetta começou sua carreira no Partido Republicano, mas mudou de lado nos anos 70. Advogado, 70 anos, será o diretor mais velho da história da CIA. Especialistas em inteligência dizem que Panetta tem a seu favor o conhecimento dos bastidores do governo e a reputação de ser honesto. Ontem, ele afirmou que os agentes dos serviços secretos "estão na linha de frente" da segurança e merecem todo o seu apoio. A direção da CIA era o último cargo de primeiro escalão ainda vagos no governo de Obama. A agência de inteligência tem sido criticado pelo uso de tortura em interrogatórios. TORTURA Na entrevista concedida ontem para apresentar suas últimas indicações, Obama afirmou que acatará a Convenção de Genebra, que proíbe a tortura. "Fui claro durante a campanha e durante a transição: no meu governo, os EUA não torturarão", disse. "Para estarmos realmente seguros precisamos nos mantermos fiéis a nossos valores da mesma forma como protegemos nossa segurança, sem exceção." Obama afirmou também que vê o Irã como uma "ameaça genuína", mas disse que ainda defende um diálogo com Teerã. "Eu já disse isso no passado, principalmente ao longo da campanha, que o Irã é uma ameaça genuína à segurança nacional dos EUA", declarou o presidente eleito. "Mas eu também disse que devemos estar dispostos a introduzir a diplomacia como mecanismo para alcançar nossos objetivos de segurança nacional. Minha equipe reflete essa abordagem pragmática." A equipe de transição negou ontem que o presidente eleito pretenda dialogar com o Hamas, como publicou na quinta-feira o jornal britânico The Guardian. "Obama disse várias vezes que o Hamas é uma organização terrorista dedicada à destruição de Israel e não devemos negociar com ele até que renuncie à violência e respeite acordos passados", afirmou em comunicado Brooke Anderson, porta-voz de Obama. "As declarações do presidente eleito são claras. Essa reportagem sem fontes não." NEGOCIAÇÕES O jornal britânico afirma que ouviu três membros diferentes na equipe de Obama, que não quiseram se identificar. Na reportagem, os três foram claros ao afirmar que os EUA mudarão a política do atual governo de isolar o Hamas. De acordo com o jornal, isso não seria feito publicamente e nem imediatamente após a posse, mas que as agências de inteligência do país, aos poucos, "iniciariam contatos preliminares" com o grupo islâmico palestino.

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