Obama anuncia reformulação de sistema antimísseis na Europa

Nova estratégia é baseada em navios e deixa de lado bases na Polônia e na República Checa.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O presidente americano, Barack Obama, confirmou na tarde desta quinta-feira que os Estados Unidos vão abandonar seus planos de construir um sistema de defesa antimísseis na Polônia e na República Checa. Em um curto pronunciamento feito ao lado do secretário de Defesa, Robet Gates, o presidente americano disse que o sistema de defesa antimísseis na Europa será reformulado para responder melhor às ameaças enfrentadas pelos Estados Unidos. O novo plano cancela, por enquanto, as bases previstas para a Polônia e a República Checa e prevê um sistema de defesa baseado em navios. Segundo Gates, o novo sistema de defesa deverá combinar interceptores baseados em terra e no mar e vai usar nova tecnologia, tornando-se mais flexível e efetivo. O presidente americano disse que a decisão de reformular o sistema foi resultado de uma reavaliação, por parte dos serviços de inteligência, dos planos do Irã de desenvolver mísseis. De acordo com essa avaliação, atualmente o Irã estaria se dedicando a fabricar mísseis de curto alcance, modificando suas próprias prioridades. A decisão de instalar bases na Polônia e na República Checa foi tomada durante o governo de George W. Bush. Em agosto de 2008, os Estados Unidos assinaram um acordo com o governo polonês para instalar um sistema de defesa antimísseis no Mar Báltico e outro acordo para construir uma estação de radar na República Checa. A expectativa era de que o sistema estivesse em operação até 2012. A Casa Branca alegava que o escudo era necessário para proteger aliados europeus e forças americanas na Europa da ameaça iraniana ou de outros países. Mudança A notícia da mudança de planos dos Estados Unidos havia sido dada inicialmente pelo jornal americano The Wall Street Journal e pelo diário britânico Financial Times e foi logo depois confirmada por autoridades checas e polonesas. A decisão dos Estados Unidos marca uma grande mudança em sua política externa e deverá ter impacto nas relações com a Europa, a Rússia e o Irã. A Rússia via o plano de defesa americano como uma ameaça direta, apesar das promessas americanas de que o sistema seria voltado apenas para Estados que considera rebeldes, como o Irã. Em seu pronunciamento, no entanto, Obama voltou a dizer que a preocupação da Rússia com o antigo sistema era "completamente infundada". Nesta quinta-feira, o embaixador russo na ONU, Dmitry Rogozin, disse à BBC que a decisão do governo de Barack Obama de abandonar os planos são positivas para as relações entre os dois países. Segundo Rogozin, o anúncio removeu um problema "pequeno" que estava impedindo que os Estados Unidos e a Rússia pudessem "realmente trabalhar juntos". Críticas A decisão americana, no entanto, atraiu algumas críticas dentro dos Estados Unidos. O subsecretário de Estado para controle de armas e segurança internacional do governo Bush, John Bolton, disse que foi uma "má decisão". "Abre mão de um importante mecanismo de defesa contra ameaças de países como o Irã", disse. "Não apenas para os Estados Unidos, mas também para a Europa." O Irã afirma que seu programa de desenvolvimento de mísseis é apenas para fins científicos, de vigilância e defesa, mas tanto o Ocidente como alguns países vizinhos temem que os foguetes possam ser usados para transportar ogivas nucleares. No próximo dia 1º de outubro, o Irã voltará a discutir seu programa nuclear com a Grã-Bretanha, China, França, Rússia e Estados Unidos - os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - e a Alemanha. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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