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Obama avança em diálogo de paz

Negociação entre israelenses, palestinos e países árabes já estaria nos detalhes finais, revela jornal britânico

Por The Guardian e WASHINGTON
Atualização:

O presidente dos EUA, Barack Obama, está prestes a alcançar um acordo entre palestinos e israelenses que deverá relançar, já no próximo mês, conversações de paz. Revelada pelo jornal britânico The Guardian, a informação é de diplomatas israelenses, americanos e europeus, que pediram anonimato para não prejudicar as negociações preliminares. Para alcançar o compromisso, Obama teria prometido aumentar o cerco ao Irã - preocupação comum a Israel, à Autoridade Palestina (AP) e a países árabes. Os EUA, com apoio francês e britânico, devem apresentar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU com o objetivo de incluir a exportação de petróleo e gás - assim como a importação de combustível refinado - no pacote de sanções contra Teerã. Segundo especialistas, um embargo desse tipo minaria a economia iraniana. Em contrapartida, espera-se que Israel congele a expansão de assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Ontem, em encontro com seu colega britânico, Gordon Brown, o primeiro-ministro israelense, Binyamin "Bibi" Netanyahu, admitiu frear "parte" da ocupação do território palestino. "O que estamos procurando com os EUA é uma fórmula que lance um processo de paz, mas permita aos moradores (de assentamentos) ter uma vida normal", disse Bibi. O premiê israelense se reunirá hoje em Londres com o enviado de Obama ao Oriente Médio, George Mitchell. Segundo o jornal britânico, Bibi e Mitchell discutirão detalhes finais da nova cúpula. Em troca de uma nova posição israelense na Cisjordânia, países árabes devem normalizar as relações com Israel. A reaproximação permitiria a Obama desatar os pontos mais sensíveis: as fronteiras definitivas dos dois Estados, o status de Jerusalém e a questão dos refugiados palestinos. Embora as negociações tenham até agora permanecido nos bastidores, seu estágio seria tão avançado que França e Rússia já teriam se oferecido como sede para a cúpula. Ainda não está certo se Obama anunciará a volta à mesa de negociações em 23 de setembro, quando líderes mundiais se encontrarão na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, ou no dia 24 do mesmo mês, início da cúpula do G-20, em Pittsburgh. Obama deseja fazer o pronunciamento acompanhado pelo presidente da AP, Mahmoud Abbas, por Netanyahu e com o máximo de líderes árabes que conseguir reunir. Bahrein, Catar, Emirados Árabes e Marrocos já teriam concordado com a proposta. A Arábia Saudita teria recusado, mas sem tentar bloquear o projeto. "Eles podem vir a bordo por último, mas eles virão", garantiu, otimista, um diplomata europeu. Concretamente, a nova estratégia da Casa Branca pretende selar um acordo definitivo entre israelenses e palestinos em dois anos. O prazo, no entanto, é visto como inalcançável por especialistas. Com assento permanente no Conselho de Segurança, China e Rússia disseram que vetariam o endurecimento de sanções contra Teerã. Mas Washington espera que um novo relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que será publicado na próxima semana, altere o cenário na instância máxima da ONU. Na segunda-feira o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA havia mostrado sinais de otimismo, ao afirmar: "Estamos nos aproximando das negociações." Até agora, Israel disse publicamente que só oferecerá uma pausa de 9 a 12 meses na construção de assentamentos na Cisjordânia - a oferta não inclui Jerusalém Oriental. Mas um funcionário americano garantiu que há motivo para otimismo: "Estamos mais próximos de um acordo com Israel do que muitos imaginam."

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