Obama busca solução para Gaza

Um dia após a posse, presidente liga para líderes israelense e palestino e promete envolvimento na resolução do conflito

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Por Gustavo Chacra
Atualização:

Um dia após tomar posse e com as tropas de Israel completando a retirada da Faixa de Gaza, o presidente dos EUA, Barack Obama, conversou ontem por telefone com os líderes israelense e palestino, deixando claro que pretende se envolver imediatamente na resolução do conflito no Oriente Médio. Criticado pelo seu silêncio durante as três semanas da ofensiva de Israel contra o Hamas, o novo ocupante da Casa Branca disse por telefone ao premiê Ehud Olmert que os EUA ajudarão Israel a combater o contrabando de armas, feito pelo Hamas através de túneis na fronteira entre o sul de Gaza e o Egito. Olmert respondeu que "Israel se esforçará para que a ajuda humanitária seja concedida à população palestina em Gaza" e se comprometeu a "trabalhar para melhorar a situação econômica na Cisjordânia". Saeb Erekat, principal negociador da Autoridade Palestina, informou que "Obama reiterou que ele e seu governo trabalharão em parceria com o presidente da AP, Mahmud Abbas, para alcançar a paz na região". Obama propôs o ex-senador George Mitchell, artífice da paz na Irlanda do Norte, como seu enviado especial para o Oriente Médio. A nomeação de Mitchell pode ocorrer hoje ou amanhã. Obama afirmou em seu programa oficial de campanha que pretendia isolar o Hamas, facção que governa Gaza desde 2007. Não está claro, porém, se Obama mudará de posição para estabelecer pelo menos um diálogo indireto com o grupo, considerado terrorista pelos EUA e pela União Europeia. Apesar de respeitado no exterior, Abbas é considerado um líder fraco nas ruas de Nablus e Ramallah. Analistas palestinos afirmam que um acordo assinado por ele, mas sem o aval do Hamas, não teria validade para grande parte da população palestina. Para complicar, o mandato do atual presidente acabou oficialmente há uma semana e foi prorrogado sem o consentimento do Hamas. MUBARAK E ABDULA Israel vive clima de eleição e Olmert, no centro de um escândalo político, sairá de cena em um mês. Entre os israelenses, há a expectativa de que o futuro premiê tenha um bom relacionamento com Obama. O grande temor é que o novo presidente americano não mantenha a aliança incondicional estabelecida pelo governo de George W. Bush. Os ministros da Defesa, Ehud Barak, e a chanceler, Tzipi Livni, são candidatos a premiê nas eleições do dia 10. Obama conversou também com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e o rei Abdula, da Jordânia - ambos são aliados dos EUA e têm acordos de paz com Israel. O presidente da Síria, Bashar Assad, enviou um telegrama para Obama afirmando que pretende trabalhar com os EUA para conseguir a paz na região, a partir das resoluções adotadas pela ONU. Israel retirou ontem seus últimos soldados que ainda estavam na Faixa de Gaza. Um porta-voz do governo israelense afirmou que, se o Hamas desrespeitar o cessar-fogo, Israel reservará o direito de responder. Ao todo, 1.300 palestinos e 13 israelenses - sendo 4 por fogo amigo - morreram no conflito.

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