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Dez anos após Katrina, Obama critica omissão do governo Bush no desastre

Discursando em New Orleans, presidente faz críticas à gestão republicana e diz que falhas do governo aumentaram o sofrimento de quem passou pela tragédia

Atualização:

NEW ORLEANS, EUA - (Atualizada às 19h20Após caminhar pelas ruas da cidade reconstruída, o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou os avanços em New Orleans ontem, uma década depois do furacão Katrina. Ele citou a cidade como um exemplo do que pode acontecer quando pessoas se unem para “construir um futuro melhor” e criticou as falhas do governo que aumentaram o sofrimento de quem passou pela tragédia. 

Em 2008, Obama era candidato às eleições e criticou o então presidente republicano George W. Bush pelo modo como lidou com a devastação, três anos antes. Ao discursar nesta quinta-feira, 27, na cidade, Obama voltou às críticas. 

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“O que começou como um desastre natural se tornou algo feito pelo homem, uma falha do governo em olhar para seus cidadãos. Mas o que aquela tempestade revelou foi outra tragédia, uma que vem ocorrendo há décadas. New Orleans era muito afetada pela desigualdade estrutural que deixou muitas pessoas, especialmente as pobres e negras, sem trabalho de qualidade, planos de saúde acessíveis ou moradias decentes.”

A primeira parada do presidente na visita para marcar o aniversário de dez anos da tragédia foi em Treme, um dos mais antigos bairros de moradores negros nos EUA e terrivelmente atingido pelas inundações durante o Katrina. 

Uma multidão, que hoje vive nas casas reconstruídas após a passagem do furacão, recebeu o presidente, que visitou as residências e conversou com seus moradores. “Não é só porque as casas estão novas e coloridas que nosso trabalho está encerrado”, disse Obama a repórteres, durante sua nona visita à cidade desde que assumiu o cargo. 

Donna Brazile, estrategista política democrata e nativa de New Orleans, cuja família perdeu tudo com as enchentes, disse que a cidade está conseguindo combater a desigualdade e alcançar grandes avanços para sua recuperação. Donna viajou com Obama no Air Force One.

Quase 2 mil pessoas morreram durante a passagem do Katrina, a maioria em New Orleans, que ficou 80% de seu território debaixo d’água por semanas. Um milhão de pessoas ficaram desabrigadas. Imagens dos moradores procurando refúgio nos telhados, no centro de convenções e no estádio Superdome dominaram a cobertura jornalística sobre o Katrina e simbolizaram a falha do governo em todos os níveis. 

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O furacão entrou para a história como o desastre natural mais caro a atingir os EUA e o custo dos prejuízos chegou a US$ 150 bilhões.  “O fato de podermos fazer tantos avanços dez anos depois de um terrível e épico desastre é uma indicação do espírito que temos nessa cidade”, afirmou o presidente, que era senador em 29 de agosto de 2005, quando a cidade foi atingida.

O presidente Barack Obama deixa o palco onde discurso em New Orleans Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP

Hoje, o líder afirmou que o Katrina ajudou a expor as desigualdades que perseguiam a cidade e deixaram tantas pessoas, especialmente as minorias, sem bons empregos, assistência à saúde e moradia e fizeram “tantas crianças” cresceram em meio a crimes violentos e frequentar escolas ineficientes. O renascimento de New Orleans tem sido patrocinado com bilhões de dólares do governo, cuja transferência tem sido acompanhada de perto por Obama. 

“Hoje, fornecemos mais assistência de moradia para as famílias do que (o governo fazia) antes do desastre”, afirmou Obama, em seu discurso. “Antes do furacão, a taxa de matrícula no ensino médio era de 37%. Hoje, é de quase 60%. A taxa de graduação desses estudantes era de 54% e, hoje, acima de 73%.”

Obama mencionou um outro problema que atinge o país, o dos veteranos de guerra que não têm onde morar. “New Orleans transformou-se em um modelo no país como a primeira grande cidade a tirar todos os veteranos das ruas.” No entanto, afirmou que ainda há muito a ser feito. “Nosso trabalho aqui não estará encerrado enquanto quase 40% das crianças ainda viverem na pobreza.” / REUTERS e AP 

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