Obama defende inclusão do Irã em negociação na Síria

Apesar de reconhecer importância de Teerã, Turquia e Rússia na Síria, presidente rejeita cooperação formal com o país contra o EI

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Atualização:
Presidente americano, Barack Obama Foto: Kevin Lamarque/Reuters

WASHINGTON - O presidente americano, Barack Obama, disse nesta quarta-feira, 15, em entrevista coletiva na Casa Branca, que a solução para a guerra civil na Síria inclui o envolvimento da Rússia, Turquia e do Irã, em um sinal de que o acordo nuclear com o república islâmica, assinado ontem, abre caminho para um maior envolvimento do país em disputas regionais. Obama, no entanto, descartou uma cooperação aberta com Teerã no combate ao Estado Islâmico. 

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“Para resolver a questão , precisamos de um entendimento entre as principais potências inTeressadas na Síria. E isso não ocorrerá no campo de batalha”, disse Obama. “Podemos continuar tendo conversas com o Irã que o incentive a comportar-se de maneira diferente na região, sendo menos hostil e mais cooperante, mas não contamos com isso.”

Apesar de defender a inclusão de potências regionais do Oriente Médio na discussão sobre a crise síria, Obama descartou uma cooperação formal entre Estados Unidos e Irã xiita no combate ao Estado Islâmico – grupo radical sunita que controla partes da Síria e do Iraque.

“Não vejo uma série de acordos formais com o Irã sobre a campanha contra o EI”, acrescentou o presidente. “Ao contrário de Cuba, não estamos normalizando as relações diplomáticas com o Irã. Mas o acordo é a melhor maneira de impedir o Irã de conseguir uma arma nuclear.”

Obama é cético quanto a possibilidade de em um futuro próximo os Estados Unidos restabelecerem relações diplomáticas com o Irã, rompidas em 1980. No entanto, o presidente reconheceu que o Irã tem influência no Iraque e faz sentido que o primeiro-ministro iraquiano, Haidar al Abadi, se reúna e negocie com os líderes do Irã para discutir questões bilaterais.

“O Irã financiou milícias xiitas que no passado mataram soldados americanos e no futuro podem realizar atrocidades em comunidades sunitas”, advertiu o presidente.

Por isso, ainda de acordo com Obama, os Estados Unidos repassam regularmente ao Iraque suas preocupações sobre as ações do Irã, e seu Exército só atuará no território iraquiano se tiver certeza que as ações militares nesse país estão dirigidas por Abadi e não por outros poderes.

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Obama declarou ainda que espera um debate firme no Congresso sobre o acordo, que ele disse cortar todos os caminhos para o Irã conseguir uma arma nuclear.

Israel. Na coletiva, o presidente reconheceu que o governo de Israel tem razão em estar preocupado com a conduta iraniana, mas insistiu que sem o acordo haveria um risco de mais confrontos no Oriente Médio.

“Com esse acordo, nós temos a possibilidade de resolver pacificamente uma grande ameaça à segurança regional e internacional”, disse Obama. “Mas eu comparto das preocupações de Israel, dos sauditas e de nossos parceiros no Golfo sobre o envio de armas iranianas e sua participação em confrontos. Vamos renovar nossa parceria para impedir que isso aconteça.” /AP. REUTERSe EFE

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