Obama diz que embargo não serve aos interesses de EUA e Cuba
Presidente americano e presidente cubano, Raúl Castro, responderam perguntas de jornalistas americanos e cubanos depois de reunião de quase 2 horas no Palácio da Revolução, em Havana
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Por Redação
Atualização:
HAVANA - O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira, 21, estar confiante de que o embarco econômico de seu país a Cuba terminará. A declaração foi feita durante pronunciamento à imprensa no Palácio da Revolução, em Havana, depois de reunião com o presidente cubano, Raúl Castro, na histórica visita de Obama ao país.
"O que fizemos durante 50 anos não serve aos nossos interesses ou aos interesses do povo cubano", disse o líder americano. Obama disse também que ainda há ações que Cuba pode tomar, especialmente sobre direitos humanos, que ajudariam a convencer os membros do Congresso dos EUA a suspender o embargo.
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Ao lado de Raúl, o presidente americano também declarou que o fato de que cerca de 40 legisladores, entre eles vários republicanos, o acompanharem nesta viagem a Cuba é uma mostra de que existe cada vez mais pressão dentro do Congresso dos EUA para pôr fim ao embargo.
"Continuamos a ter sérias diferenças, especialmente quanto à democracia e direitos humanos", disse Obama, acrescentando que teve uma discussão "franca e sincera" com Raúl. "O futuro de Cuba têm que ser decidido pelos cubanos, e não por ninguém mais."
Depois dos pronunciamentos, os dois líderes responderam algumas perguntas de jornalistas cubanos e americanos, algo que Raúl não costuma fazer, mas que os repórteres americanos estavam ávidos para que acontecesse.
Em um momento tenso, Raúl foi questionado sobre a existência de presos políticos em Cuba, o que ele negou. "Dê-me uma lista dos prisioneiros políticos agora e se a lista existir, eles serão libertados antes do fim da noite", disse o presidente cubano.
Visivelmente incomodado com o questionamento, Raúl voltou ao assunto momentos depois ao responder uma outra pergunta. "Não é correto perguntar por presos políticos", disse. "Diga-me o nome do preso político agora."
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Barack Obama visita Cuba acompanhado de sua família
1 / 11Barack Obama visita Cuba acompanhado de sua família
Obama visita Cuba
No último dia da sua visita a Cuba, o presidente Barack Obama foi com a família ao emblemático Estádio Latino-Americano de Havana para assistir ao ami... Foto: AP Photo/Pablo Martinez MonsivaisMais
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Antes do início da partida, a família Obama - a primeira-dama Michelle, as filhas Sasha e Malia e o presidente - fizeram um minuto de silêncio em home... Foto: AFP PHOTO / Rodrigo ARANGUAMais
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Obama e Raúl Castro assistem a partida de beisebol em Cuba em 2016 Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
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Presidente dos EUA, Barack Obama acena do avião presidencial acompanhado de sua mulher, Michelle Obama, no Aeroporto Internacional JoseMarti em Havana Foto: AP Photo/Fernando Medina
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Em sua primeira noite em Havana,Obama jantou no paladar San Cristóbal, um dos negócios particulares que se multiplicam em Havana Foto: Stephen Crowley/The New York Times
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Obama está acompanhado de sua mulher Michelle Obama, e de suas filhas, Malia e Sasha Foto: REUTERS/Carlos Barria
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Filhas de Obama, Sasha (esq.) e Malia (dir.) acompanham seus pais em visita à Catedral de los Angeles em Havana Foto: Stephen Crowley/The New York Times
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Durante visita, Obama se encontrará com o presidente cubano RaúlCastro no Palácio da Revolução, palco do terceiro encontro entre os doisdesde o anúnci... Foto: EFE/Orlando BarríaMais
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Governo americano vê o setor privado como um dos motores de mudanças em Cuba e defende que as restrições sejam reduzidas Foto: AP Photo/Ramon Espinosa
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Obama também participará de um fórum de negócios entre líderes empresariais americanos e empreendedores cubanos do setor privado da ilha Foto: AFP PHOTO/Nicholas KAMM
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Noúltimo dia devisita ao território cubano,Obama se encontrarácom representantes da sociedade civil, incluindo membros da dissidência interna Foto: AFP PHOTO / Yuri Cortez
No fim da coletiva, o líder cubano afirmou também que nenhuma nação cumpre totalmente com os compromissos internacionais com relação a direitos humanos. "Alguns (países) cumprem mais, outros menos, mas não se pode politizar o tema dos direitos humanos, isso não é correto", afirmou.
No fim de 2015, a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional - uma organização ilegal tolerada pelo governo - quantificou em 70 os presos políticos do país. A Anistia Internacional, porém, não reconhece a existência de presos de consciência em Cuba.
Surpresa. A coletiva de Raúl e Obama foi transmitida pela televisão estatal cubana, algo raro no país, e algumas das respostas surpreenderam os cubanos que acompanhavam o momento histórico, especialmente quando Raúl falou sobre direitos humanos e presos políticos.
"É muito significante ouvir isso do nosso presidente, o reconhecimento de que nem todos os direitos humanos são respeitados em Cuba", afirmou Raul Rios, um motorista de 47 anos. Rios, no entanto, concorda com o argumento do líder cubano de que nenhum país é perfeito e todos devem se esforçar para melhorar.
Marlena Pino, uma engenheira de 47 anos, considerou a declaração um feito histórico. "(Essa transmissão) foi história pura e eu nunca pensei que veria algo parecido com isso. É difícil assimilar rapidamente o que está acontecendo aqui. Para mim, é extraordinário ver tudo isso."
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1 / 13Os acordos entre EUA e Cuba desde a retomada das relações diplomáticas
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02 de julho de 2015 - Conectividade
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16 de fevereiro de 2016 - Voos diretos
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24 de fevereiro de 2016 - Ativistas
O governo cubano deupermissão para que renomados ativistas façam, cada um, uma viagem internacional e depois voltemà ilha. A autorização foi dada para... Foto: AP/Desmond BoylanMais
14 de março de 2016 - Turistas
Permissão douso do dólar em transações de Cuba. EUA dão sinal verde para transações em dólares entre a ilha e terceiras nações e praticamente eliminar... Foto: EFE/Rolando PujolMais
16 de março de 2016 - Postagem
Voo inaugural do restabelecido serviço de correio postal diretoentre Cuba e EUA chega a Havana procedente de Miami (Flórida) Foto: Reuters
Pesquisa. A maioria dos americanos aprova o restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba e a condução pelo presidente Barack Obama deste processo, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta segunda e realizada pelo jornal The New York Times e a rede de TV CBS.
Segundo o estudo, 58% dos americanos estão de acordo com a reaproximação, contra apenas 25% contrários, um resultado virtualmente idêntico ao obtido por uma pesquisa parecida em julho do ano passado, quando os dois países reabriram suas embaixadas.
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Esta tendência é mais marcada entre os eleitores do Partido Democrata (69%) e entre os eleitores que se declaram independentes (57%). Mas entre os eleitores do conservador Partido Republicano, cujos líderes criticam a política de Obama em relação a Cuba, 44% também estão de acordo com a retomada das relações. Uma maioria, 52%, de americano também está de acordo com a forma que Obama conduz essa delicada aproximação. Em dezembro de 2014, quando Washington e Havana anunciaram o início da aproximação, essa porcentagem era de 44%.
Segundo a pesquisa, a maioria dos americanos também deseja o fim do embargo econômico imposto por Washington a Cuba há meio século. São 55% favoráveis ao fim do embargo, em uma tendência que novamente é mais evidente entre os democratas (64%) e os independentes (56%).
Os republicanos, no entanto, estão mais divididos, apesar de a porcentagem dos que desejam o fim do embargo (43%) seja maior que a dos que desejam sua continuidade (38%), com 19% que não têm uma opinião definida. / NYT, EFE, AP, AFP e REUTERS