WASHINGTON - O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta sexta-feira, 10, que a concessão do prêmio Nobel da Paz para Liu Xiaobo representa "valores universais" e pediu a Pequim que liberte o dissidente "o mais cedo possível". As declarações foram feitas momentos antes da cerimônia de entrega do prêmio, segundo a agência AFP.
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"Liu merece muito mais o prêmio do que eu", disse Obama, que recebeu o Nobel da Paz em 2009, por meio de comunicado. "Liu nos lembra que a dignidade humana também depende do progresso da democracia, da sociedade aberta e do império da lei", continuou.
"Os valores que Liu defende são universais, sua luta é pacífica e ele deveria ser libertado o quanto antes. Lamento que seja negada a oportunidade para que ele e sua mulher assistam à cerimônia. Hoje, Dia Internacional dos Direitos Humanos, deveríamos redobrar nossos esforços para promover os valores universais para todos os seres humanos", completou o americano.
Liu é um dos líderes dos protestos da Praça de Tiananmen de 1989 e é o autor principal da Carta 08, um manifesto pedindo reformas democráticas no país, onde só existe um partido, o Comunista. No Natal do ano passado a China condenou Liu à prisão por 11 anos, acusando-o se subversão do poder do Estado.
O governo chinês ficou furioso com a decisão do Comitê do Nobel de premiar um homem que considera um criminoso e subversivo. A disputa com os responsáveis pela premiação se transferiu para o campo da diplomacia.
O comitê defendeu na quinta-feira a concessão do Nobel a Liu, dizendo que se baseou em "valores universais" e rejeitando a acusação do governo chinês de que esteja tentando impor ideias ocidentais ao país.
Contando com a China, 19 países boicotaram a cerimônia. São eles Afeganistão, Argélia, China, Colômbia, Cuba, Egito, Iraque, Irã, Casaquistão, Marrocos, Paquistão, Filipinas, Rússia, Arábia Saudita, Sri Lanka, Sudão, Tunísia, Venezuela e Vietnã.