Obama é a esperança dos americanos

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Por Adam Nagourney e Marjorie Connely
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O presidente eleito Barack Obama está atraindo uma poderosa onda de otimismo e confiança para a Casa Branca, mas os americanos estão preparados para conceder-lhe alguns anos para lidar com a carga de problemas que enfrentará a partir de amanhã, segundo recente pesquisa New York Times/CBS News. Embora as esperanças com o novo presidente sejam altas, a pesquisa revelou que a expectativa parece ter sido temperada pela escala de problemas que a nação enfrenta no momento. A sondagem sugere que Obama conseguiu algum sucesso em seu esforço - iniciado no discurso da vitória, em Chicago - para preparar os americanos para uma lenta recuperação econômica e anos difíceis pela frente. A maioria diz não esperar um real progresso nessa área, na reforma do sistema de saúde ou no encerramento da guerra no Iraque - três das promessas centrais de sua campanha - por pelo menos dois anos. A nação prepara-se para a posse de seu 44º presidente e a estatura de Obama perante o público continua em forte contraste com a de George W. Bush. Bush deixa o cargo com uma visão favorável de apenas 22% dos americanos, um recorde negativo. Mais de 80% dos entrevistados dizem que a nação está em pior situação do que há cinco anos. Em contraste, 79% estão otimistas com os próximos quatro anos comandados por Obama - um nível de boa vontade que supera o medido para qualquer um dos cinco últimos presidentes dos EUA na mesma situação. Mesmo os 58% dos entrevistados que disseram ter votado em John McCain declaram-se otimistas com Obama. Seu índice de aprovação, de 60%, é o mais alto desde que NYT/CBS News começaram a fazer pesquisas sobre ele. Embora o público pareça preparado para dar tempo a Obama, os americanos claramente esperam que o país seja um lugar diferente quando ele terminar seu mandato, em 2012. Na pesquisa, 61% dos entrevistados disseram que as coisas estarão melhores daqui cinco anos; em abril, só 39% expressaram o mesmo sentimento. Por exemplo, 60% disseram ser boa ideia a proposta de campanha de aumentar impostos dos que ganham mais de US$ 200 mil para ampliar a cobertura do sistema de saúde - mas o apoio cai se isso implicar em prejuízo para a economia. Da mesma forma, o apoio à redução ou remoção das tropas do Iraque diminui se o país se tornar base para terroristas. MUDANÇA NA CASA BRANCA q Troca de guarda {HEADLINE} Bush deixará pior legado desde a Grande Depressão {HEADLINE} Duramente criticado, presidente reconhece alguns erros, mas insiste que história o inocentará Matt Spetalnick REUTERS WASHINGTON Duas guerras inacabadas, a economia mergulhada numa recessão profunda, o déficit orçamentário prestes a atingir US$ 1 trilhão e a imagem dos EUA manchada no exterior. Desde que Herbert Hoover deixou para Franklin Roosevelt a Grande Depressão não se viu um presidente americano deixar a seu sucessor problemas tão amedrontadores quanto os que George W. Bush transmitirá a Barack Obama. Enquanto Bush e seus leais partidários insistem que a história enxergará seu legado com olhos menos críticos, historiadores já estão debatendo se ele será considerado um dos piores presidentes de todos os tempos, o que o colocaria na companhia de Hoover, Warren Harding e James Buchanan. Alguns dizem que é cedo demais para estabelecer um veredicto, mas muitos já se decidiram. "Será que alguém é capaz de duvidar que esta presidência foi absolutamente péssima?", disse Shirley Anne Warshaw, cientista política da Universidade Gettysburg. "O que falta definir é a posição que ele ocupará na lista de piores presidentes." Encerrando seus oito anos de mandato em meio à pior crise financeira dos últimos 80 anos, ele deixa o cargo com uma das menores taxas de aprovação entre os presidentes modernos, inferior a 30%. O amplo apoio que recebeu após os ataques de 11 de setembro de 2001 há muito se desvaneceu, dissipado pela impopular guerra no Iraque, pela resposta inepta ao desastre provocado pelo furacão Katrina e pelo derretimento de Wall Street. Nos Estados Unidos, o desemprego chegou a seu maior nível em 16 anos, os mercados hipotecários estão implodindo e as economias dos cidadãos, evaporando. O lado positivo da administração Bush foi um fato doméstico que não aconteceu: outro ataque em território americano. "Não fomos atacados nos últimos sete anos", disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. "E isso é importante." POLÍTICA EXTERNA No exterior, o legado de Bush será definido principalmente pelo Iraque, e ficará a cargo de Obama definir a estratégia de retirada e consertar os danos na credibilidade americana. Bush foi a Bagdá no mês passado na esperança de mostrar os ganhos obtidos na segurança local, mas, em vez disso, a viagem será lembrada pela imagem do presidente se esquivando dos sapatos arremessados por um jornalista enfurecido. O atual presidente deixa ainda outros assuntos inacabados. O impasse nuclear com o Irã pode ser um dos maiores desafios de Obama, testando sua promessa de conversar diretamente com Teerã em lugar da política de isolamento diplomático. No Afeganistão, país abandonado por Bush, segundo seus críticos, o Taleban está ressurgindo e Osama bin Laden ainda não foi capturado ou morto. Os esforços de Bush para promover um acordo de paz entre Israel e palestinos foram tímidos demais e a atual crise em Gaza é vista como epitáfio adequado. Obama prometeu mais engajamento nas questões do Oriente Médio, mas enfrentará grande desconfiança. Ao mesmo tempo em que terá de lidar com essa questão, Obama herdará de Bush o problema de o que fazer com os suspeitos de terrorismo mantidos em Guantánamo. O centro de detenção foi motivo de condenações por parte dos defensores dos direitos humanos. Obama prometeu fechar a instalação. Bush também foi alvo de protestos, principalmente por parte dos europeus, por resistir ao estabelecimento de metas nacionais para a redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, uma posição que ampliou a imagem de arrogância americana com a qual Obama terá de conviver. Por outro lado, Bush foi elogiado por estabelecer laços mais fortes com a Índia, por induzir a China a assumir um papel mundial mais construtivo e por combater a aids na África. COROAÇÃO Mas é a crise financeira que explodiu após seis anos de governo o que pode ter coroado o legado de Bush. Sua administração recorreu a intervenções gigantescas, antes consideradas por ele um anátema. Conforme repercussões da crise se espalharam pelo mundo, aumentaram as críticas ao capitalismo descontrolado do estilo americano. Analistas dizem que o fanatismo de Bush pela ausência de regulação contribuiu para o derretimento econômico, apesar de concordarem que são muitos os culpados pela situação. Os republicanos já escutaram o que os eleitores têm a dizer. A vitória folgada de Obama foi vista como repúdio às políticas de Bush. "Sem Bush, o primeiro presidente negro americano muito provavelmente não teria sido eleito no atual momento", disse Stephen Wayne, cientista político da Universidade Georgetown. Atento ao tempo que se esgota, Bush passou as últimas semanas tentando lustrar seu legado e concedeu mais entrevistas de fim de mandato do que qualquer outro presidente. Durante esse processo, defendeu as decisões que tomou, mas também se mostrou mais reflexivo, admitindo alguns erros. Acima de tudo, insistiu que será inocentado, algum dia. Presidente é famoso por gafes Bush inventou palavras e fez declarações sem sentido Os oito anos em que o presidente George W. Bush permaneceu à frente da Casa Branca ficarão marcados não apenas pelo desastroso conflito no Iraque ou pela incessante guerra ao terror. As gafes cometidas por ele também serão relembradas como parte essencial de seus dois mandatos. O presidente ganhou fama por dar declarações cômicas e sem sentido, recheadas de erros e de pouca sensibilidade. "Estimamos que Bush tenha inventado 20 palavras", afirmou ao Estado, por telefone, Paul JJ Payack, presidente do Global Language Monitor, entidade que monitora o uso da língua inglesa. Os termos criados pelo presidente receberam até um apelido: "bushismos". "Alguns dos neologismos de Bush foram incorporados à língua e muitos americanos usam - seja para falar sério ou fazer piada." Um dos episódios que ilustra o histórico de afirmações polêmicas de Bush foi o encontro do americano com o então presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, no final de 2001 em Washington. Na ocasião, os dois presidentes discutiam questões raciais e medidas para conter o preconceito. Bush admirou-se: "Vocês têm negros também?", perguntou a FHC, que permaneceu por um instante perplexo. Antes que pudesse responder, a secretária de Estado Condoleezza Rice, interveio: "Presidente, o Brasil talvez tenha mais negros que os EUA." As gafes de Bush são tantas que o apresentador de tevê David Letterman dedicou uma de suas famosas listas de "top 10" aos momentos mais memoráveis do presidente. Entre as situações apresentadas, estão um vídeo no qual Bush confunde o Irã com o Iraque e outro que mostra o presidente desorientado durante um anúncio nacional sobre imigração. Renata Miranda SÃO PAULO Líder se voltou para o Oriente Médio tarde demais Gustavo Chacra ENVIADO ESPECIAL JERUSALÉM O processo de paz levado adiante por Bill Clinton fracassava, com israelenses e palestinos se digladiando com tanques e homens-bomba nas ruas de Nablus, Jerusalém e Tel-Aviv, quando George W. Bush assumiu a presidência dos EUA há oito anos. Neste período, o líder palestino Yasser Arafat morreu entrincheirado em seu quartel-general em Ramallah, Cisjordânia. Ariel Sharon virou premiê, saiu da Faixa de Gaza e hoje está em coma, enquanto Israel trava uma guerra no mesmo território. Bush, no seu primeiro discurso do Estado da União, em 27 de fevereiro de 2001, ignorou o Oriente Médio. A Al-Qaeda ainda parecia um inimigo distante que se resumiu à necessidade de os Estados Unidos enfrentarem as novas ameaças do século 21, que "vão de terroristas que nos ameaçam com bombas a tiranos de países párias que tentam desenvolver armas de destruição em massa". Na verdade, em vez de bombas, os integrantes da Al-Qaeda utilizaram aviões americanos para cometer o maior atentado terrorista de toda a história. A analogia entre os ataques suicidas em Israel e nos EUA determinou a forma como o presidente americano veria o conflito entre israelenses e palestinos. Por três anos seguidos, o então premiê de Israel, Ariel Sharon, foi o líder internacional mais vezes recebido na Casa Branca. Arafat era ignorado por Bush. Em 2002, Sharon iniciou a mais ampla ofensiva contra os palestinos na Cisjordânia, no que ficou conhecido como Operação Muro Protetor. Em entrevista coletiva na Casa Branca, quando jornais de todo o mundo relatavam a violência da ação de Israel, Bush afirmou que Sharon era um homem da "paz" e criticou Arafat por não combater o terrorismo. O presidente americano ainda sugeriu, em 23 de junho de 2002, que Arafat deveria ser removido e substituído por um líder não envolvido com o terrorismo. No ano seguinte, isolado pelos americanos e cercado por tanques israelenses em seu QG em Ramallah, o presidente da Autoridade Palestina concordou em nomear Mahmud Abbas como primeiro-ministro. Visto como moderado, o novo premiê foi convidado por Bush para lançar, com Sharon, um audacioso plano de paz chamado Mapa da Estrada, que previa uma série de etapas que culminariam na criação de um Estado palestino. Porém, nenhum dos lados cumpriu com a sua parte, e o projeto foi esquecido. Arafat morreu no fim de 2004. Abbas foi eleito para sucedê-lo em janeiro de 2005. Sharon ordenou a retirada dos assentamentos de Gaza em meados daquele ano. Em janeiro de 2006, o Hamas, visto como terrorista pelos americanos, venceu as eleições parlamentares palestinas. Sharon sofrera uma série de derrames na mesma época e nunca retomou a consciência. Ehud Olmert tornou-se premiê e comandou Israel em uma guerra contra o Hezbollah no Líbano. No meio de 2007, o Hamas derrubou o Fatah do poder na Faixa de Gaza. Bush decidiu, no fim daquele ano, organizar uma conferência de paz em Annapolis, que também resultaria em um Estado palestino antes do fim de seu mandato. Em vez disso, Bush desocupará a Casa Branca após uma guerra na Faixa de Gaza com mais de 1.300 palestinos mortos. GAZA SOB FOGO q Fim de ataques {HEADLINE} Hamas anuncia trégua de 1 semana {HEADLINE} Grupo palestino exige saída de tropas de Israel, que iniciam retirada gradual Gustavo Chacra ENVIADO ESPECIAL JERUSALÉM O Hamas anunciou ontem que suspenderia seus ataques contra Israel, um dia depois do premiê israelense, Ehud Olmert, decretar um cessar-fogo unilateral. A decisão do grupo está condicionada à retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza em no máximo uma semana. Insistindo que não cederá a pressões do grupo, o Exército começou a desocupar suas posições no território palestino. O conflito, que durou três semanas, deixou cerca de 1.300 palestinos e 13 israelenses mortos. "Nós, das facções de resistência palestinas, declaramos um cessar-fogo em Gaza e confirmamos nossa posição de que o inimigo deve se retirar em no máximo uma semana", disse Moussa Abu Marzouk, um dos líderes do Hamas com base em Damasco. No Egito, outros integrantes do grupo acrescentaram que Israel deve levantar o bloqueio imposto ao território palestino, além de permitir a entrada de ajuda humanitária. Ismail Hanyieh, ex-premiê e um dos mais conhecidos líderes do Hamas, declarou que o cessar-fogo decretado por Israel foi uma "vitória do grupo palestino". O grupo não deu detalhes de como deve ficar sua fronteira com o Egito. Tampouco afirmou se aceitaria ou não o retorno de forças leais à Autoridade Palestina, controlada pelo Fatah, que foi derrubado do poder em Gaza pelo Hamas em meados de 2007. As declarações da organização não informavam se a trégua seria temporária ou definitiva. Em negociações, o grupo insistiu que concordava em suspender os ataques contra Israel por um ano. Ao anunciar o cessar-fogo na noite de sábado, Olmert afirmou que não estava suspendendo as operações militares em coordenação com o Hamas. Além disso, Israel exige que monitores internacionais na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito para impedir o contrabando de armamentos. Tecnologia fornecida pelos americanos também será utilizada. Antes de o Hamas anunciar o cessar-fogo, o grupo lançou 17 foguetes contra o território israelense, sem deixar vítimas. Israel reagiu aos ataques disparando contra o norte da Faixa de Gaza. Ao anunciar que suspenderia os ataques, o premiê israelense deixou claro que o Exército se reservaria o direito de responder ao Hamas. Em jantar em Jerusalém com líderes da França, Grã-Bretanha, Alemanha e Espanha, Olmert afirmou que planeja completar a retirada das tropas do território palestino o mais rápido possível desde que haja estabilidade. "Não pretendíamos reconquistar Gaza, não colocamos como meta controlar Gaza e não queremos continuar em Gaza. Queremos sair o quanto antes", afirmou. As tropas começaram a atravessar a fronteira de volta para Israel ontem. Tanques levavam soldados celebrando. Mas a retirada é apenas parcial. Segundo um porta-voz do governo, a desocupação poderá ser suspensa se o Hamas não cumprir o cessar-fogo. A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, afirmou que os EUA saúdam "o fim das hostilidades em Gaza" e esperam que "todos os lados envolvidos suspendam as ações hostis imediatamente". A ofensiva israelense contra o Hamas começou no dia 27 de dezembro. Israel afirma que o grupo palestino violou cessar-fogo vigente por seis meses ao lançar foguetes contra cidades do sul do país. O grupo palestino afirma que os israelenses desrespeitaram a trégua antes, ao matar seis militantes da organização em novembro. Em Israel, a guerra contra o Hamas está sendo considerada uma vitória. Para analistas, os israelenses reconquistaram o respeito depois do " fracasso" no conflito contra o Hezbollah no Líbano em 2006. O resultado da guerra tende a fortalecer o ministro da Defesa Ehud Barak e a chanceler Tzipi Livni nas eleições parlamentares do dia 10. Os dois são rivais e, antes do conflito em Gaza, o favorito era o conservador Binyamin Netanyahu. {HEADLINE} Obama saúda cessar-fogo {TEXT} O presidente eleito Barack Obama saudou ontem o cessar-fogo anunciado por Israel e está comprometido a ajudar israelenses e palestinos a alcançar a paz, disse em comunicado a porta-voz Brooke Anderson. Logo que assumir a presidência dos EUA, Obama atuará rapidamente nas questões do Oriente Médio e espera que a trégua de Israel e dos militantes do Hamas perdure, afirmou ontem seu assessor David Axelrod, em entrevista à CNN. "Estamos todos com esperança de que o cessar-fogo se mantenha. Os acontecimentos do mundo exigem que ele atue prontamente e vocês o verão fazê-lo", disse Axelrod. REUTERS Palestinos encontram 95 corpos sob escombros na Faixa de Gaza GAZA Até o início da noite de ontem, 95 corpos haviam sido encontrados entre os escombros na Faixa de Gaza, segundo a agência de notícias palestina Ma?an. Agentes policiais do Hamas dizem que a maioria é de militantes. Pelo menos 20 são de atiradores mortos em combate. De acordo com o chefe do serviço médico de Gaza, Muawiya Hassanein, a maior parte dos mortos foi encontrada em Jabaliya e Beit Lahiya. Os ataques destruíram muitas casas, matando mulheres e crianças que estavam abrigadas dos confrontos entre soldados israelenses e militantes palestinos. Uma família que retornou para o distrito de Jabaliya encontrou, entre as ruínas de sua casa, 25 corpos. O número de palestinos mortos passa de 1.300 e os feridos somam 5.450. Treze israelenses morreram durante o conflito de Israel com o Hamas, que durou 22 dias. As buscas das famílias palestinas de corpos de amigos e parentes desaparecidos puderam ser intensificadas somente ontem, após o cessar-fogo e o início da retirada gradual dos soldados israelenses da Faixa de Gaza. Desesperadas, elas escavam entre os pedaços de concreto e aço em busca de corpos, objetos pessoais e até mesmo restos de bomba para vender como alumínio reciclado. AP Cúpula do Egito pede retirada de tropas e fim de contrabando JERUSALÉM Líderes árabes e europeus reunidos ontem no balneário de Sharm el-Sheikh, no Egito, para discutir o cessar-fogo na Faixa de Gaza pediram o fim do contrabando de armas pela fronteira do território palestino com o egípcio e a retirada imediata das tropas israelenses. "Israel deve deixar claro que, se os ataques de foguetes cessarem, o Exército israelense vai se retirar da Faixa de Gaza", afirmou o presidente da França, Nicolas Sarkozy. "Não há outra solução para alcançar a paz", avaliou Sarkozy que, ao lado do presidente egípcio, Hosni Mubarak, foi um dos organizadores do evento. Horas depois da declaração do líder francês, Israel se comprometeu a sair de Gaza o quanto antes caso o Hamas respeite a trégua. A França e o Egito tentaram ao longo das três semanas de combates mediar um acordo entre Israel e o Hamas. No final, tanto israelenses como o grupo palestino optaram por decretar cessar-fogo de maneira unilateral. Mubarak, em entrevista durante o encontro, afirmou que seu objetivo é "virar esta página triste". "Não podemos perder a esperança na paz. Apenas uma paz justa e verdadeira pode garantir a segurança da região", disse o presidente. MONITORES O presidente egípcio, porém, afirmou que não vai aceitar observadores internacionais em seu território. A relutância do Egito entra em choque com as exigências israelenses de que monitores de outros países estejam dos dois lados da fronteira entre o Egito e o território palestino. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e a chanceler alemã, Angela Merkel, se comprometeram em ajudar no processo de paz enviando observadores e tecnologia para impedir o contrabando de armas. Ficou definido que os líderes desses e de outros países devem se reunir novamente em breve para definir como será o plano de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Ao longo do encontro, não se discutiu qual será o futuro político da Faixa de Gaza. O território é controlado pelo Hamas desde meados de 2007. G.C. {HEADLINE} Em SP, ato público a favor de Israel {TEXT} Entidades representantes da comunidade judaica de São Paulo reuniram ontem, no Memorial da América Latina, cerca de 4 mil pessoas, no primeiro ato público de apoio ao governo israelense desde o início da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza. Segundo o presidente da Federação Israelita de São Paulo, Boris Ber, o objetivo da manifestação é mostrar à sociedade brasileira o apoio das entidades ao direito de defesa de Israel. Os manifestantes carregavam bandeiras e faixas com mensagens de paz e de protesto contra o Hamas. {HEADLINE} Caixa-preta de Airbus confirma colisão com aves{HEADLINE} ESTADOS UNIDOS {HEADLINE} Piloto narra momento do pouso e diz que não teve opção, pois avião estava próximo dos prédios NOVA YORK As caixas-pretas do Airbus 320 que fez um pouso forçado na quinta-feira no Rio Hudson, em Nova York, confirmaram que a colisão de aves causou o acidente. As gravações dos dados de voo também mostraram que os dois motores do avião da US Airways foram simultaneamente afetados. O avião foi retirado do rio no sábado e as caixas-pretas foram enviadas ontem a Washington para análise. Durante o primeiro depoimento para o Conselho Nacional de Segurança dos Transportes nos EUA (NTSB, na sigla em inglês), o piloto do avião, capitão Chesley Sullenberger, disse que teve de recorrer ao pouso forçado por causa de uma pane nos motores depois que pássaros cruzaram o caminho da aeronave. O NTSB disse que dados dos radares confirmam que o avião cruzou com algo no céu, muito provavelmente pássaros, enquanto decolava. Estes objetos não estavam no radar do controlador de tráfego aéreo que aprovou a decolagem, segundo Kitty Higgins, membro do conselho do NTSB. Sullenberger disse no depoimento que viu pássaros grandes e marrons pelo para-brisa do avião. "O instinto dele foi de desviar", disse Higgins, comentando o depoimento do piloto. Então, segundo Sullenberger, houve uma pancada, o cheiro de algo queimado e silêncio, por causa da paralisação das turbinas do avião. O piloto contou que teve pouco tempo para decidir como manobrar a aeronave, que perdeu potência. Achou que estava muito baixo, muito lento e muito próximo dos edifícios no centro de Manhattan para tentar pousar no aeroporto mais próximo. "Não podemos fazer isso (retornar ao aeroporto)", disse o piloto aos controladores. "Vamos descer no (rio) Hudson." Sullenberger tornou-se um herói nacional por conseguir fazer um pouso considerado muito difícil e salvar as 155 pessoas que estavam a bordo. AP E GUARDIAN

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